Sumários

Apresentaçao

21 Setembro 2015, 16:00 Adriana Veríssimo Serrão

Partindo do entendimento global da Antropologia enquanto resposta à questão fundamental: "o que é o Ho­mem?", é objectivo do programa mostrar a evolução do pensamento antropológico, através do estudo de pensadores e obras ilustrativas das diversas fases por que passou o entendimento filosófico do problema. Depois de esclarecer algumas posições essencialistas clássicas e de mostrar como a ideia de uma essência humana acarretou inúmeros dualismos, estudar‑se‑ão diferentes modalidades de descrever a natureza múltipla e tensional do ser do homem entre os séculos XVIII e XX.

Os estudantes ficarão habilitados a entender os problemas, as categorias e os procedimentos da Antropologia como disciplina filosófica central, embora grandemente marginalizada na generalidade dos curricula. Nesta disciplina específica da licenciatura em Filosofia os alunos serão confrontados com uma problemática fundante, quer da filosofia teórica, quer da filosofia prática, com múltiplas implicações na esfera da pedagogia, da ética e da política.

Enquanto disciplina específica da licenciatura em Filosofia, mas frequentada também em regime opcional por alunos de outras licenciaturas, o programa oferece uma visão panorâmica dos principais problemas, correntes e orientações da Antropologia Filosófica. Tendo em conta o nível dos alunos (de 2.º e 3.º anos), optou‑se por um programa abrangente mas incidente em correntes contemporâneas.

Esta opção justifica‑se pelo facto de a Antropologia ser uma disciplina recente, com origem no século XVIII, sendo a questão "O que é o Ho­mem?" formulada explicitamente por Kant.

As distintas modalidades do pensamento antropológico são ilustradas deste modo: o género humano (Rousseau e Kant); a antropologia da existência (Feuerbach), a energia da vontade (Nietzsche), a individualidade (Simmel), a excentricidade (Plessner) e o existencialismo (Sartre e Camus).

 

 

 

1. Modelos clássicos do essencialismo antropológico: modelos metafísico, teológico‑religioso e científico‑naturalista.

2. A ideia de natureza humana na Modernidade. Per­fec­­tibilidade e au­to­cons­trução do género humano: Rousseau e Kant.

3. Ontologia e antropologia do ser sensível. As formas existenciais do ser humano: Ludwig Feuerbach. Constituição dia­lógica, afectiva e ética; a mútua im­pli­cação de sensualismo e altruísmo. A intersubjectividade como socialidade con­cre­tamente vivida. Do sentimento à relação: o amor, clímax da humanidade.

4. A concepção ener­gética da vida e a afirmação de si como expressão ori­ginária da vontade: Nietzsche. Genealogia dos sentimentos morais. Diagnóstico do sentimentalismo moral enquanto não querer viver. A crítica às figuras da renúncia: ressentimento, má consciência e as­ce­se.

5. In­­dividualidade e peculiaridade na figura do indivíduo: Georg Simmel. O homem como ”ponte” e “porta”.

6. O homem como ser excêntrico: antropologia e estesiologia em Helmuth Plessner. A dupla relação com o corpo: ter um corpo e ser um corpo. As manifestações, in­di­ca­tivas e opacas, da expressividade. Limites da estesiologia: rir e chorar ou o hiato entre o sen­sível e o sentir.

7. Da crise do Homem à sua refundação no século XX. Existência, liberdade e escolha: Jean‑Paul Sartre. Natureza humana, revolta e solidariedade: Albert Camus.