Descrição:

Esta Unidade Curricular estuda a produção artística em Portugal durante o século XX. O seu âmbito histórico e teórico organiza-se em quatro formações. A primeira centra-se no desenvolvimento do modernismo e das profundas dificuldades que foram experimentadas, quer pela deficiente cultura moderna dos próprios artistas e do contexto artístico consignado aos princípios naturalistas, quer pela instauração da ditadura do Estado Novo e do seu primado antimoderno. Depois da figura meteórica de Amadeo de Souza-Cardoso ou da geração do Orpheu, o modernismo conquistou um lugar instável assumindo uma perspetiva de compromisso com as retaguardas internacionais, mitigando a crise da representação instaurada pelas vanguardas.

A segunda formação centra-se na 3ª geração modernista e no seu desejo de modernizar a arte portuguesa no período do pós-guerra. A crise aberta dos valores humanistas e a derrota do fascismo não tem efeitos declarados na situação nacional isolada da Europa. É num contexto profundamente adverso que o abstracionismo e os movimentos neorrealista e surrealista afirmam novas possibilidades para o modernismo e a vanguarda em Portugal.  

Esta situação será superada com as vagas de emigração e de bolseiros no final da década de 1950 e com continuidade na seguinte. Os anos de 1960, enquanto anos de rutura, marcam o início de um novo ciclo para a arte portuguesa. A proliferação de referências e trocas associadas às neovanguardas europeias e norte-americanas definem um novo panorama num enquadramento político marcado pela persistência da ditadura, o início da guerra colonial, a ausência de liberdade de expressão ou de estruturas de formação, distribuição e receção adequadas.  

A quarta formação tem os seus primórdios no pós-revolução de 25 de abril e estende-se até final do século, com sucessivas gerações de artistas. Situa-se entre o final das neovanguardas internacionais, o fenómeno da globalização e a assunção do sistema da arte em geral. Este novo contexto artístico é formado a partir do livre acesso à informação crescente, numa época de diluição das antigas fronteiras dos estados-nação, e tem como grande objetivo a internacionalização dos artistas, resposta ao isolacionismo sofrido no curso do século, apesar da carência de infra-estruturas efetivas para tal.

 

O objetivo central desta Unidade Curricular consiste em dar a conhecer e familiarizar o aluno com a produção artística histórica deste período e com as interrogações que os artistas e movimentos levantaram relativamente ao entendimento moderno do objeto artístico e às suas possibilidades num país isolado. Através das várias fontes bibliográficas procurar-se-á clarificar as diferenças de metodologias de abordagem e os consequentes resultados interpretativos da produção artística.

 

 

Requisitos e avaliação:

Leitura sistemática dos textos indicados.

Assiduidade às aulas e participação obrigatória nas análises e interpretações das obras, bem como nas discussões suscitadas pelo professor (10%).

Realização de dois testes (45% +45%).

 

Bibliografia Geral:

França, José-Augusto. A Arte em Portugal no Século XX, 4ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2009.

Gonçalves, Rui Mário. A Arte Portuguesa do Século XX. Lisboa: Temas e Debates, 1998.

Jürgens, Sandra Vieira. Instalações Provisórias. Lisboa: Documenta, 2016.

Lapa, Pedro e Emília Tavares. Arte Portuguesa do Século XX (1910-1960). Lisboa: Leya, 2011.

Matos, Lúcia Almeida. Escultura em Portugal no Século XX (1910-1969). Lisboa: Fundação Gulbenkian/FCT, 2007.

Pernes, Fernando ed. Panorama Arte Portuguesa no Século XX. Porto: Campo das Letras, Fundação de Serralves, 1999.

 

Para cada sessão existe bibliografia específica que será disponibilizada no plano detalhado das sessões na plataforma e-learning e no sumário de cada aula.

Todos os textos da bibliografia são disponibilizados em pdf na plataforma e-learning do site da Faculdade de Letras.