TESTE Presencial

28 Novembro 2019, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE ARTE DO RENASCIMENTO E DO MANEIRISMO

Licenciatura de História da Arte – 28 de Novembro de 2019 (1ª chamada), 10-12 h. Prof. Vitor Serrão

 

I

Leia atentamente as seguintes questões e responda em moldes suficientes, claros e bem estruturados, recorrendo a exemplos se e quando necessário, a apenas TRÊS delas:

 

1.      Em que medida os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves (cª 1470), se podem considerar uma obra não só marcante no contexto da pintura europeia no dealbar da Idade Moderna mas, também, já integrada num contexto proto-renascentista ?

2.      Que entendia o tratadista Léon Battista Alberti, no século XV, pelo conceito de concinnitas ? Em que medida foi esse conceito percebido e explorado pelos arquitectos, escultores e pintores portugueses do século XVI ? Existiu em Portugal, a essa luz, uma verdadeira ‘utopia edificatoria’ ?

3.      Qual a importância assumida pelos grottesche da Domus Aurea e de outros palazzi de Roma (e Itália) na arte europeia do Renascimento, por que vias se difundiu, e em que modalidades surgiu em Portugal na época de D. Manuel I ?

4.      O testemunho do poeta Garcia de Resende, na famosa Miscellanea, de que «Pintores, luminadores, agora no cume estam», mostra que no tempo de D. João III era uma realidade o ascenso social dos artistas e o estatuto de privilégio que muitos auferiam (Gregório Lopes, Vasco Fernandes, Chanterene, António de Holanda), fruto de uma consciencialização que paulatinamente se impusera. Comente.

5.      O conceito de Micro-História da Arte aplica-se bem a uma situação artística como a portuguesa do «largo tempo do Renascimento», justamente por nela coabitarem, em registos distintos, peças de vanguarda all’antico e outras de resistência, perduração ou mesmo de epigonismo. Qual a importância deste ‘olhar’ crítico-comparativo aplicado à arte portuguesa do século XVI ?

6.      Qual a grande inovação trazida para a Teoria das Artes por Francisco de Holanda (1518-1584), a nível internacional, ao defender o primado da ideia criadora (fruto da scintilla divina, como afirmara Alberti, mas agora com uma raíz neoplatónica) como a essência da obra artística, e ao definir «o disegno ou debuxo, raiz de todas as sciencias» ?

 

II

Desenvolva, com a maior clareza, rigor metodológico, ordem e objectividade, recorrendo a factos e a exemplos adequados, UM dos três seguintes temas:

 

1.      Como situa o papel do grande arquitecto JOÃO DE CASTILHO (c. 1470-1552) na evolução da arquitectura portuguesa entre o chamado estilo tardo-gótico («gótico-manuelino») e as experiências de Renascimento de inspiração italiana, à luz da utopia edificatória ? Como avalia o seu percurso, longo e aparentemente contraditório, entre a magna obra do Mosteiro dos Jerónimos e as últimas campanhas no Convento de Cristo de Tomar ?  Caracterize, com exemplos adequados, esse seu singular percurso.

Igreja de Santa Maria de Belém, por João de Castilho, 15127-1521, e igreja da Conceição de Tomar (concebido como panteão de D. João III), por João de Castilho (?) ou Miguel de Arruda (?), 1547-1551.

 

2.      De que modo a viagem a Roma de artistas portugueses foi relevante para a implantação do Maneirismo em Portugal ? Tenha em consideração o desenho de Daniele de Volterra (1509-1566), um dos melhores discípulos de Michelangelo, e analise a pintura de Campelo (cª 1567) na capela do seu protector Cardeal Giovanni Ricci de Montepulciano em San Pietro in Montorio, quando esteve em Roma (c. 1550-1560).

 

3.      O estatuto actual de artista nasceu em circunstâncias especiais – históricas, socio-culturais, tratadísticas, económicas, estéticas – no século XV com o Renascimento e o Humanismo. Comente este trecho da carta que Diogo Teixeira envia a D. Sebastião em 1577 e explique o modo como o estatuto laboral que defende se reflectiu na prática e na liberalidade criadora. A carta, entre outras coisas, afirma o seguinte: «Diz dioguo Teixeira, caualeiro da casa do Sor D. Antonio, que elRei vosso avô, não sendo a arte da Pintura então da calidade em que ora está (…) anexou individamente os pintores à Bamdeyra de Sam Jorge (…) como se fossem mecaniquos, quando he uma arte iminente asi dos antíguos, e com numeada antre as liberais em todos os tempos, e celebrada por reis (…), e assim, havendo respeito ao sobredito, e por ser hum dos milhores oficiais de imaginarya de olio que há nestes Reynos, pede a S. M. o isente dos serviços a prestar à dita Bamdeira (…)».