A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

15 Outubro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

1.     A educação clássica e a doctrina christiana.

a.      Educação e novos desafios.

                                               i.     A educação clássica ao serviço da vida política: o triuium.

                                              ii.     Saberes úteis e inúteis : em função da cidade.

                                             iii.     As ‘escolas’ cristãs de Alexandria e de Antioquia no século III; o direito dos Cristãos poderem aceder à educação;

‘Quero pedir-te que extraias da filosofia dos Gregos o que pode servir como um plano de estudo ou uma preparação para o cristianismo, e da geometria e astronomia o que servirá para explicar as Sagradas Escrituras, para que o que todos os filhos dos filósofos costumam dizer sobre geometria e música, gramática, retórica e astronomia, como companheiros auxiliares da filosofia, possamos dizer nós, sobre a própria filosofia, em relação ao cristianismo. Talvez algo deste tipo esteja suposto no que está escrito no Êxodo, da boca de Deus: que ele ordenou aos filhos de Israel que pedissem aos seus vizinhos e àqueles que habitavam com eles, vasos de prata e ouro e vestes, de modo a que, ao espoliarem os egípcios, eles pudessem ter material para a preparação das coisas que pertencem ao serviço de Deus’. (Orígenes, Carta a Gregório)

‘Não devemos errar em defender que todas as coisas necessárias e proveitosas para a vida nos vieram de Deus, e que a filosofia foi mais especialmente dada aos Gregos, como uma aliança especial com eles - sendo, como é, um degrau para a filosofia que existe de acordo com Cristo’. (Clemente de Alexandria, Stromata 8)

‘Apresentarei os melhores contributos dos filósofos dos Gregos, porque tudo o que há de bom foi dado aos homens de cima por Deus '”(João Crisóstomo, Capítulos Filosóficos, Prefácio).

                                             iv.     A Doctrina Christiana de Agostinho de Hipona.

 

b.     Tradição literária e novos conteúdos : pseudomorfose cultural.

                                               i.     Claudiano : um poeta egípcio em Roma ao serviço de Estilicão. O maravilhoso pagão como adereço.

                                              ii.     A oratória clássica ao serviço da religião: João Cristóstomo, aluno de Libânio;

                                             iii.     Juvenco e os Euangelii libri ; Proba e o centão de Vergílio In laude Christi; Sedúlio e o Carmen paschale.

c.      As bases de uma cultura de segunda mão: manuais, breviários e comentários : O triunfo de uma visão enciclopédica da cultura clássica, de segunda mão, baseada em manuais e em repertórios de exemplos.

 

2.     Os grandes pensadores (s. V-VI)

2.1   Boécio (ca. 480-524).

2.1.1        Conhecedor da filosofia clássica: comentários a Aristóteles, Porfírio, neoplatonismo, Agostinho. Sabia Grego; plano de traduzir toda a obra de Platão e Aristóteles.

2.1.2        Consolatio Philosphiae: Cristianismo + Literatura + Filosofia.

 

2.2   Cassiodoro (ca. 485-ca. 585).

2.2.1        Filho de um Prefeito do Pretório para a Itália.

2.2.2        Vários cargos da administração de Teodorico. Prefeito do Pretório (533-536). As Variae: cartas públicas e privadas (507-537): mostrar que o reino ostrogodo era imperial na sua prática: desejado por Deus. O modelo do ‘Romano colaborador’.

2.2.3        O Vivarium: um mosteiro para as letras no sul de Itália (Squilace). A importância da biblioteca. As Institutiones como regra de estudo: uma enciclopédia das artes liberais.

 

2.3   Gregório Magno (ca. 540-604).    

2.3.1        Senador; patricius; prefeito da Cidade com 33 anos; monge; diácono; todas as irmãs fazem votos;

2.3.2        Embaixador em Constantinopla (579-585/6);

2.3.3        Papa (590-604): representa o imperador em Itália

2.3.4        Enorme influência na vida espiritual: Regula pastoralis (sobre os bispos); Dialogi (sobre o monaquismo);