Apresentação. Programa. Avaliação. Bibliografia.

17 Setembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

Apresentação. Programa. Avaliação. Bibliografia.

 

 

1. Programa

Esta UC procurará questionar a pertinência de três postulados: o de que a “cultura medieval” é herdeira da “cultura clássica”; o de que a “cultura medieval” é uma “cultura cristã”; e o de que a “cultura medieval” é “atrasada/ignorante”. Cada um deles será discutido sob cinco perspectivas diferentes: cultura e poder (centrado na construção cultural das monarquias imperiais e papal); cultura e sabedoria (em torno da definição de uma cultura erudita medieval); categorizações do real (o tempo, o espaço e a sociedade); processos civilizacionais (sobre a construção identitárias em torno do conceito de civilizado); disputas e controvérsias (centrados nas transformações sociais e culturais dos séculos XIII-XV). Utilizar-se-ão excertos de São João, Eusébio de Cesareia, Agostinho de Hipona, Jerónimo, Gelásio I, Ps-Dionísio Areopagita, Isidoro de Sevilha, Eginhardo, Gregório VII, Inocêncio III, Francisco de Assis, Bonifácio VIII ou Dante, e ainda textos como o Nibelungenlied, o Beowulf, ou alguma poesia trovadoresca.

 

Prólogo: ‘No princípio era o Logos’.

1.     Poder.

Depois de Constantino: urbanismo, eusebianismo e episcopalismo – um império romano e cristão.

Niceia (325) – Constantinopla (381) – Éfeso (431) – Calcedónia (451): sobre Deus e sobre o império. Translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.

A definição da monarquia papal: a reforma gregoriana, o Venerabilem e a Unam Sanctam.

 

2.     Sabedoria.

Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

‘Renovar os ensinamentos dos Romanos e instruir a Hispânia’: Isidoro e as Etimologias.

Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?

 

3.     Categorias.

Inscrever Deus no espaço: o que é o ‘real’? Cidade vs. campo; mosteiro vs. castelo; terra vs. oceano.

Reconhecer Deus no tempo: a inteligibilidade da história e a cristianização do quotidiano.

Reconhecer Deus na sociedade: definir a hierarquia. Os mundos humano e celeste: ordens e funções.

Cluny e Gregório VII: sacralização da sociedade – o monge guerreiro; as cruzadas.

 

4.     Processos civilizacionais.

A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

Controlar a mulher; assegurar a família: a sacramentalização do casamento.

O embrião das construções nacionais: mecanismos de identificação em torno do rei.

Eliminar a diferença – mártires; brux@s; homossexuais e travestis; hereges; infiéis.

 

5.     Disputas.

Os novos intelectuais e as Universidades: entre a Igreja e o rei; as corporações; a cidade.

A emergência de uma cultura nobiliárquica: a cultura nobre e a emergência do cerimonial de corte.

Mendicantes e ‘novas’ propostas de sabedoria/espiritualidade– Francisco de Assis e Boaventura.

Repensar o poder: M. Pádua e G. Ockham; J. Wycliffe e J. Hus. O Cisma e o conciliarismo.

2. Avaliação

1. Um único ensaio curto

a) máximo 2500 palavras (máximo: 6-7 páginas, escritas em Times New Roman, 12, single space), excluindo bibliografia.

b) Entregar em Word, para o mail: rodrigo.furtado@campus.ul.pt.

c) Data de entrega: até 8 de Dezembro de 2019.

 

Temas possíveis (escolher um):

A. Qual o lugar do cristianismo na cultura medieval?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Beowulf vv. 1-1069 ou Niebelungenlied 1.

B. Williamson (2014), ‘Material culture and Medieval Christianity’, The Oxford handbook of Medieval Christianity, Oxford DOI: 10.1093/oxfordhb/9780199582136.013.004.

J. Van Egen (1988), ‘The Christian Middle Ages as an historiographical problem’, The American Historical Review 91, 519-552 (a partir da p. 537).

 

 

B. Qual a relação entre a cultura medieval e a cultura clássica?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Dante Alighieri, Comédia 1-2.

R. Copeland (2016), ‘The curricular Classics in the Middle ages’, The Oxford history of Classical reception in English literature 1. 800-1558, Oxford, 21-34;

M. C. Woods (2016), ‘Experiencing the Classics in Medieval education’, The Oxford history of Classical reception in English literature 1. 800-1558, Oxford, 35-51;

 

C. A cultura medieval era ignorante?

Utilizar, além dos textos e bibliografia das aulas:

Agostinho de Hipona, Confissões 1.

J. Mattoso (2011), ‘Onde está a sabedoria medieval?’, Memória e sabedoria, V. N. Famalicão, 181-197.

L. A. Smoller (2014), ‘‘Popular’ religious cultures’, The Oxford handbook of Medieval Christianity, Oxford DOI: 10.1093/oxfordhb/9780199582136.013.021.

 

2. Teste Final

 

 

Elementos de Avaliação

 

 

 

 

 

Ponderação

Ensaio

 

até 8 Dez.

Dom.

23h59m

por mail

obrigatório

50%

Teste final

20 Dez.

6ª f.

14h-16h

2.1

escolher apenas uma das chamadas

50%

23 Dez.

2ª f.

14h-16h

a determinar

 

 

 

 

4. Planificação de Aulas e de Leituras

Esta planificação pretende auxiliar os alunos na sua própria preparação para as aulas. Pressupõe-se que, para cada aula, o aluno tenha lido os textos.

 

1

I. Poder. Depois de Constantino: urbanismo, eusebianismo e episcopalismo – um império romano e cristão.

 

·       Van Dam, 2008: 283-316.

2

Niceia (325) – Constantinopla (381) – Éfeso (431) – Calcedónia (451): sobre Deus e sobre o império.

 

·       Van Dam, 2008: 317-362.

3

Translationes imperii/regni: Roma – Aquisgrano, Toledo – Oviedo – Leão.

 

·       Pocock, 1999.

4

A definição da monarquia papal: a reforma gregoriana, o Venerabilem e a Unam Sanctam.

 

·       Dyson, 20093: 354-371.

5

II. Sabedoria. Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

 

·       Cameron-Garnsey, 1998: 665-679; 704-707.

6

A morte de Vergílio? A educação clássica e a doctrina christiana – breviários e comentários.

 

  • Brown, 2013rev.: 232-247.

7

‘Renovar os ensinamentos dos Romanos e instruir a Hispânia’: Isidoro e as Etimologias.

 

  • Díaz, 1976: 11-55.

8

Scriptoria, livros e bibliotecas: o que se guardava? O que se copiava? O que se lia?

 

·       McKitterick, 1989: 165-210.

9

III. Categorias. Inscrever Deus no espaço: o que é a realidade? Cidade vs. campo; mosteiro vs. castelo; terra vs. oceano.

 

  • Gurevitch, 1990: 59-113.

10

Reconhecer Deus no tempo: a inteligibilidade da história e a cristianização do quotidiano.

 

·       Le Goff, 1983: 206-241.

11

Reconhecer Deus na sociedade: definir a hierarquia. Os mundos humano e celeste: ordens e funções.

 

  • Oexle, 2001: 92-143

12

Cluny e Gregório VII: sacralização da sociedade – o monge guerreiro; as cruzadas.

 

  • Miller, 20093: 211-230.

13

IV. Processos civilizacionais. A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

 

  • Morsel, 2001: 200-240.

14

Controlar a mulher; assegurar a família: a sacramentalização do casamento; etiqueta e amor cortês.

 

·       Howell, 20093: 130-160.

15

O embrião das construções nacionais: mecanismos de identificação em torno do rei.

 

 

·       Dyson, 20093: 354-371.

16

Eliminar a diferença – mártires; brux@s; homossexuais e travestis; hereges; infiéis.

 

·       Nielson, 1988: 217-241.

17

V. Desafios. Os novos intelectuais e as Universidades: entre a Igreja e o rei; as corporações; a cidade.

 

·       Collish, 1997: 265-273.

18

A emergência de uma cultura nobiliárquica: a cultura nobre e a emergência do cerimonial de corte.

 

·       Barton, 20093: 500-524

19

Os mendicantes e as ‘novas’ propostas de sabedoria/espiritualidade– Francisco de Assis e Boaventura.

 

  • Collish, 1997: 234-244.

 

20

Repensar o poder: M. Pádua e G. Ockham; J. Wycliffe e J. Hus. O Cisma e o conciliarismo.

 

·       Collish, 1997: 335-351.