Processos civilizacionais. A codificação das virtudes guerreiras; o contexto nobiliárquico e senhorial.

19 Novembro 2019, 14:00 Rodrigo Furtado

1.     A construção cultural da nobreza.

1.1   Senhorialização do Ocidente: o encelulamento feudal – terras; justiça; fiscalidade; exército.

1.2   Sobretudo em meados do século XI: adopção do título de cavaleiro’ para definir a nobreza (e não a propriedade).

1.2.1        Valorização social do cavaleiro: a valorização da actividade do cavaleiro.

 

2.     A literatura nobre.

2.1   Cantares de gesta: literatura e memória; processos de construção da memória diferente do da cultura clerical; a preservação dos valores que interessam. Dotar a cultura aristocrática de uma memória;

2.2   Características gerais:

2.2.1        Narrativas em verso; ritmadas;

2.2.2        Funções sociais semelhantes a Homero;

2.2.3        Elaboração=transmissão;

2.2.4        Episódicas, não lineares;

2.2.5        Seres mitológicos e cenários fantásticos;

2.3   O Beowulf.

2.3.1        Poema de gesta; tlvz composição oral semelhante a Homero;

2.3.2        Mundo anglo-saxão de vários reinos; extrema violência.

 

2.4   O ciclo dos Nibelungos: o Nibelungenlied.

2.4.1        Língua: Middle High German; a identidade alemã (s. XIX; Wagner);

2.4.2        Escrita: ca. 1200 – inúmeras redacções e versões; MAS poema de autor.

2.4.3        Disputas imaginários do final do reino dos Burgúndios; conflito interno e com os Hunos;

2.4.4        Siegfried: herói guerreiro que casa com Cremilde, irmã do rei; morto pelos irmãos da mulher; irmãos assassinados por Cremilde.

2.4.5        Siegfried: é invulnerável excepto no meio das costas.

 

2.5   Matéria carolíngia.

2.5.1        Dezenas de gestas, mais ou menos históricas e mais ou menos imaginárias.

2.5.2        Projectam-se muitos valores posteriores: o ideal de cavalaria;

2.5.3        A Canção de Rolando.

2.5.3.1    Roncesvalles; 778; Eginhardo.

2.5.3.2    Transformação da sociedade carolíngia numa sociedade de cavaleiros;

2.5.3.3    Cultura da heroicidade guerreira; sacrifício.

 

2.6   Na Península Ibérica: fenómeno mais tardio – heróis mais recentes.

2.6.1        Cantar del mio Cid.

2.6.1.1    Menor desagregação da memória;

2.6.1.2    Personagens históricas;

2.6.1.3    Guerreiro de fronteira entre cristãos e muçulmanos;

2.6.1.4    Literariamente: grande guerreiro castelhano; herói regional.

 

2.7   A Matéria da Bretanha: os cavaleiros da Távola Redonda.

2.7.1        Mundo celta entre a GB e a Bretanha.

2.7.2        Com feiticeiros e bruxas;

2.7.3        Artur, Lancelot; o Graal

 

 

3.     O Cavaleiro

3.1   O herói homérico: a aretê.

3.2   O mos maiorum romano: fides, pietas, uirtus. 

3.3   A falta de alternativa para as carreiras não-eclesiásticas: a necessidade de um modelo laico cristão.

3.4   As provas de uirtus: a batalha; os torneios;

3.5   Os códigos dos romances de cavalaria: infiéis/salteadores; donzela; escudeiro; solidão; Deus; código de cavalaria.

3.6   A recepção dos romances de cavalaria: uma literatura de corte e popular.

3.7   Por que há-de alguém ir para a cruzada?

3.7.1        O combate em nome de Deus: condição sine qua non

3.7.2        O combate contra os inféis: na Hispânia; na Terra Santa – defender a conquista; defender os mais fracos.

3.7.3        O guerreiro que se torna monge.

3.7.4        O monge que se torna guerreiro: as ordens religioso-militares.

 

4.      Criação de uma memória colectiva da nobreza – paralela da construção de uma identidade social.

4.1   Herói guerreiro: elemento unificador do grupo.    

4.2   Elemento de identificação nas áreas regionais onde o modelo se define:

4.2.1        França: temas carolíngios; matéria da Bretanha;

4.2.2        Alemanha: tempos das invasões germânicas;

4.2.3        Ibéria: ‘Reconquista’.

4.3   Projecção no passado dos valores do presente (s. XI-XII).

4.4   Modelos de comportamento que veiculam valores que permitem justificar e proteger a cultura nobiliárquica dominante politicamente.