Ciceronianus e/ou Christianus? ‘Onde estiver o teu tesouro, aí está também o teu coração’.

28 Setembro 2021, 15:30 Rodrigo Furtado

1.     O caso de Serapeum de Alexandria:

a.      A interpretação da moda:

 

https://youtu.be/UAWZSSGjIvw  (Agora, A. Aménabar, 2009)

 

 

b.     Fontes: Rufino, Sócrates, Sozómeno (não gosta de Teófilo), Teodoreto e Eunápio (pagão).

c.      não referem qualquer biblioteca;

d.     Teófilo de Alexandria retira de um templo abandonado objectos sagrados;

e.      Reacção pagã: tomam o Serapeum, torturam e crucificam cristãos;

f.       Acabam por ser expulsos e os líderes, que eram filósofos neo-platónicos, perdoados por Teodósio;

 

Mataram muitos cristãos, feriram outros e tomaram o Serapeum, um templo que era notável pela beleza e grandeza e que estava situado num lugar alto. Converteram-no numa cidadela temporária; e para ali transportaram muitos dos cristãos, torturam-nos e obrigaram-nos a oferecer sacrifícios. Aqueles que recusaram obedecer foram crucificados, tiveram ambas as pernas quebradas ou foram mortos de algum modo cruel. Quando a sedição já durava há algum tempo, os governantes vieram e instaram o povo a lembrar as leis, a depor as armas e a abandonar o Serapeum

Sozómeno 7.15.

2.     A negligência: A decadência da religiosidade cívica.

“Imaginei na minha cabeça o tipo de procissão que seria, com um homem a ter visões sonho: animais para sacrifícios, libações, refrões em honra do deus, incenso e os jovens da cidade a rodear o santuário, com as suas almas adornadas com toda a santidade e eles próprios vestidos com vestes brancas e esplêndidas. Mas quando entrei no santuário, não encontrei incenso, nem um bolo, nem um animal para sacrifício. Nesse momento fiquei espantado e pensei que ainda estava fora do santuário e que estavam à espera de um sinal meu, dando-me essa honra por eu ser o sumo pontífice. Mas quando comecei a indagar que sacrifício a cidade pretendia oferecer para celebrar a festa anual em honra do deus, o sacerdote respondeu: 'Trouxe comigo da minha casa um ganso como uma oferenda ao deus, mas a cidade desta vez não fez preparativos.” Juliano, Misopogon (sobre o santuário de Apolo em Dafne, perto de Antioquia).

 

3.     Cristianismo e ambiguidades na época de Constantino (306-337).

    1. O carácter ambíguo das atitudes de Constantino:

                                               i.     a manutenção dos ritos cívicos;

                                              ii.     os templos da deusa Thychê e dos Dióscuros em Constantinopla;

b.     O Cristianismo como padrão cultural: ser cristão é ser como o imperador.

c.      A argumentação a favor da proibição dos rituais não cristãos. Um combate não apenas contra o politeísmo. Um combate pela racionalidade e a cultura: Basílio de Cesareia, Gregório de Nazianzo.

 

4.     A educação clássica e a doctrina christiana.

a.      Educação e novos desafios.

                                               i.     A educação clássica ao serviço da vida política: o triuium.

                                              ii.     Saberes úteis e inúteis : em função da cidade.

                                             iii.     As ‘escolas’ cristãs de Alexandria e de Antioquia no século III; o direito dos Cristãos poderem aceder à educação;

‘Quero pedir-te que extraias da filosofia dos Gregos o que pode servir como um plano de estudo ou uma preparação para o cristianismo, e da geometria e astronomia o que servirá para explicar as Sagradas Escrituras, para que o que todos os filhos dos filósofos costumam dizer sobre geometria e música, gramática, retórica e astronomia, como companheiros auxiliares da filosofia, possamos dizer nós, sobre a própria filosofia, em relação ao cristianismo. Talvez algo deste tipo esteja suposto no que está escrito no Êxodo, da boca de Deus: que ele ordenou aos filhos de Israel que pedissem aos seus vizinhos e àqueles que habitavam com eles, vasos de prata e ouro e vestes, de modo a que, ao espoliarem os egípcios, eles pudessem ter material para a preparação das coisas que pertencem ao serviço de Deus’. (Orígenes, Carta a Gregório)

‘Não devemos errar em defender que todas as coisas necessárias e proveitosas para a vida nos vieram de Deus, e que a filosofia foi mais especialmente dada aos Gregos, como uma aliança especial com eles - sendo, como é, um degrau para a filosofia que existe de acordo com Cristo’. (Clemente de Alexandria, Stromata 8)

‘Apresentarei os melhores contributos dos filósofos dos Gregos, porque tudo o que há de bom foi dado aos homens de cima por Deus '”(João Crisóstomo, Capítulos Filosóficos, Prefácio).

                                             iv.     A Doctrina Christiana de Agostinho de Hipona.

 

b.     Tradição literária e novos conteúdos : pseudomorfose cultural.

                                               i.     Claudiano : um poeta egípcio em Roma ao serviço de Estilicão. O maravilhoso pagão como adereço.

                                              ii.     A oratória clássica ao serviço da religião: João Cristóstomo, aluno de Libânio;

iii.   Juvenco e os Euangelii libri