De Constantino a Teodósio: o eusebianismo político e o debate em torno do poder.
14 Outubro 2021, 15:30 • Rodrigo Furtado
I. Constantinopla – 25 de Julho – 336.
1. A nova capital do Império – uma nova Roma nas margens do Bósforo.
2. O palácio imperial e o sacrarium. A montagem do cenário.
3. Os 30 anos do advento imperial. A celebração.
4. O panegirista: Eusébio de Cesareia. A História Eclesiástica e a Crónica. Os textos finais: a Vida de Constantino e o Louvor de Constantino.
II. O Louvor de Constantino: os tricennalia (25 de Julho de 336).
1. Prólogo e laus 1: a metáfora do ‘Grande imperador’ e o louvor universal.
‘Que aqueles, entretanto, que estão dentro do santuário, e têm acesso a seus recessos mais íntimos e inexplorados, fechem as portas contra todos os ouvidos profanos e revelem, por assim dizer, os mistérios secretos do carácter de nossos imperadores apenas para os iniciados. E que aqueles que purificaram os seus ouvidos nas correntes da piedade, e levantaram seus pensamentos nas asas elevadas da própria mente, se juntem à companhia que cerca o Soberano Senhor de todos, e aprendam em silêncio os mistérios divinos [...].
Hoje é a festa do nosso grande imperador: e nós, seus filhos, regozijamo-noss, sentindo a inspiração do nosso tema sagrado. Aquele que preside à nossa solenidade é o próprio Grande Soberano [...].
2. Laus 2: a origem divina do poder; o papel do imperador cristão.
‘É ele que detém o domínio supremo sobre todo o mundo, que está acima e em todas as coisas e permeia todas as coisas visíveis e invisíveis; o Verbo (Logos) de Deus. De quem e por quem o nosso divinamente favorecido imperador, recebendo, por assim dizer, uma cópia da soberania divina, dirige, em imitação do próprio Deus, a administração dos negócios deste mundo. Este Verbo unigénito de Deus reina, desde os tempos que não tiveram princípio, até aos tempos infinitos e sem fim, como parceiro do reino de seu pai. E [o nosso imperador] sempre amado por ele, que deriva a fonte da autoridade imperial de cima e é forte no poder de seu título sagrado, controlou já o império do mundo por um longo período de anos; o nosso imperador a quem ele ama, trazendo aqueles a quem ele governa na terra até ao único Verbo e Salvador torna-os súditos adequados de seu reino. [...]
Este é primeiro e maior sacrifício nosso imperador primeiro dedica a Deus: como pastor fiel, ele oferece, não "famosas hecatombes de cordeiros primogénitos", mas as almas daquele rebanho que é objeto dos seus cuidados, aqueles seres racionais que ele conduz ao conhecimento e à adoração piedosa de Deus.
3. Laus 3: o triunfo da ideologia monárquica cristã.
Por último, investido como está com a aparência da soberania celestial, ele dirige o seu olhar para cima e configura o seu governo terreno de acordo com o padrão daquele original Divino, sentindo força na sua conformidade com a monarquia de Deus. E essa conformidade é concedida pelo Soberano universal apenas ao homem entre todas as criaturas desta terra: pois só ele é o autor do poder soberano, que decreta que todos devem estar sujeitos ao governo de um. E certamente a monarquia transcende em muito todas as outras constituições e formas de governo: pois essa igualdade democrática de poder, que é o seu oposto, pode ser descrita como anarquia e desordem. Consequentemente, há um Deus, e não dois, ou três, ou mais: pois afirmar uma pluralidade de deuses é claramente negar a existência de Deus em tudo.
III. O eusebianismo político: o triunfo das ideologias monárquicas.
1. As raízes pré-clássicas e helenísticas das concepções monárquicas clássicas.
2. Humanização, distância e sacralização: o imperador não é Deus; etiqueta distanciadora; o papel do incenso e do trono.
3. Imperador e Hier-arquia. A reprodução na terra da hierarquia celeste. A escolha do Imperador por Deus. O Subordinacionismo e o imperador.
IV. O episcopalismo de Ambrósio de Milão.
1. O massacre de Tessalónica e o conflito com Teodósio I (390).
2. A submissão ideológica do imperador ao bispo e a defesa do império cristão.