Apresentação de propostas dos professores convidados para o programa

3 Fevereiro 2020, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

 

 

FEVEREIRO                                   2ªFEIRA                                           2ª AULA

 

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A aula de hoje esteve basicamente a cargo dos três professores convidados que integram este programa e que fizeram a apresentação das suas propostas de trabalho a desenvolver de modo sequenciado.

Alexandre Pieroni Calado deixou-nos a seguinte proposta: Apresentação geral do programa para o módulo intitulado O Pavor de Marionetas. Propomo-nos tomar como ponto de partida a tese avançada por Heinrich von Kleist em «Sobre o teatro de marionetas», onde este escreve que a graciosidade “surge em simultâneo e de modo mais puro naquela estrutura de um corpo humano que ou não possui consciência alguma, ou possui uma consciência infinita”. Propomo-nos mostrar como as ideias desenvolvidas neste texto singular exerceram um forte ascendente nas concepções do actor de Oscar Schlemmer e de Vsevolod Meyerhold, dando forma artística a uma rede de conhecimentos de ordem fisiológica e psicológica sobre aspectos como a relação corpo-mente, a psicologia da atenção e a noção de dupla consciência. Por fim, pretendemos abrir um espaço de reflexão em torno da hipótese de que certo optimismo face à tecno-ciência que atravessa o pensamento de Schlemmer e Meyerhold encontra hoje uma muito frágil sustentação; de sorte que se poderia falar de um contemporâneo pavor de marionetas.

 

Sérgio Mascarenhas enviou texto próprio para este sumário o que muito agradeço.

Fez-se uma breve apresentação das temáticas a tratar nas duas sessões dedicadas a ‘Jogo e performance’, partindo da observação de que o jogo é pervasivo nos mais diversos domínios da vida individual e social, e muito em especial no que diz respeito às artes performativas. Posto isto, propuseram-se como pistas de trabalho:

O repto de as alunas explorarem, desde já, o campo semântico associado à expressão ‘jogo’, nomeadamente contrastando a forma como a mesma se enuncia e desdobra nas várias línguas que dominam.

Indicaram-se as referências teóricas fundamentais (Huizinga, Caillois, Fink) enviadas por e-mail no âmbito dos mini-programas.

Recordaram-se os pontos essenciais a tratar, tal como enunciados no mini-programa: “As sessões dedicadas a Jogo e Performance abordam o tema de Teatro e Cognição a partir do entendimento de que o jogo, como atividade e como conceito, é fundamental para a compreensão das artes performativas. O nosso ponto de partida será, assim, a compreensão da própria expressão ‘jogo’ e do seu campo semântico, a que se seguirá uma tentativa de fixação das suas caraterísticas mais salientes. Prestaremos uma atenção particular ao espaço e ao tempo do jogo, cada um dos quais desdobrados, como veremos, em múltiplas camadas. Um segundo campo temático prende-se com a dialética liberdade / regra inerente ao próprio conceito de jogo. Exploraremos estes conceitos com referência à produção teórica e prática da Bauhaus no sentido de delimitarmos com maior precisão a dimensão jogo da performatividade em geral e da performatividade artística em particular.”

 

Pedro Florêncio alargou de forma expositiva e explicativa o modo como vai introduzir e desenvolver uma área que não teve na Bauhaus reconhecimento formal (não existiu nenhum atelier de cinema na Escola) mas muitos dos trabalhos experimentais aí realizados receberam directa inspiração do cinema, de um certo cinema, dessa época.

«Em duas aulas, teremos como objecto de estudo um conjunto de filmes relacionados e/ou relacionáveis com o legado estético da Bauhaus, através dos quais pensaremos o conceito de corpo cinemático. A partir do visionamento de filmes de Hans Richter e Laszlo Moholy-Nagy, e de excertos de Metropolis (1927, Fritz Lang) e Playtime (1967, Jacques Tati), procuraremos compreender como é que os jogos de encenação das formas cinematográficas nos podem fornecer, ainda hoje, importantes linhas de reflexão no campo das artes audiovisuais.

 

Bibliografia:

Moholy-Nagy, Laszlo (1925). Painting, Photography, Film. Disponível em: https://monoskop.org/images/c/cb/Moholy-Nagy_Laszlo_Painting_Photography_Film.pdf

 

Recupero aqui e-mail enviado a todos pelo Pedro e que alarga a informação já disponível em várias frentes.

 

Bom dia,

a propósito da aula de ontem, aqui seguem, para download, a obras de que falei (sendo a do Moholy-Nagy a que nos interessará discutir): https://we.tl/t-Ey1KjoQZqB

Aproveitei para juntar as Notas sobre o cinematógrafo do Robert Bresson, que acabei por mencionar no final a propósito do aforismo na página 55: "CINEMA, radio, television, magazines are a school of inatention: people look without seeing, listen in without hearing". Para quem não conhece, esse livro é uma espécie de bíblia de cabeceira para muitos cineastas, professores ou estudantes de cinema. 

O Doutoramento em rede de modelo transdisciplinar escandinavo de que falei é este: http://www.jar-online.net/ 

E podem encontrar resumos de artigos/trabalhos publicados aqui: https://www.researchcatalogue.net/

A propósito de processos cognitivos e empatia no contexto das artes, recomendo este livro, que foi a tese de doutoramento de um professor meu formado em psicologia e ex-director da Escola Superior de Teatro e Cinema. É denso e muito centrado no caso cinematográfico, mas vale a pena nem que seja por causa da quantidade de bibliografia que cita ou sugere relacionada com o assunto (que me pareceu interessar-vos):

https://www.sistemasolar.pt/pt/produto/112/pt/empatia-e-alteridade-a-figuracao-cinematografica-como-jogo/?c=39

Até breve,

Pedro Florêncio

Uma última nota sobre bibliografia e filmografia:

 

 

1. Preciso de saber se estão dispostos a adquirir o livro na FNAC (13,50 € com desconto de aderente). Já manifestei a minha surpresa tecnológica para agir com plataformas como We Transfer e outras. Pela primeira vez não as consegui usar.

O mesmo se passa com o filme que vimos em aula. Tenho-o aqui em arquivo e não consigo enviá-lo. Posso disponibilizar livro e filme