A unidade curricular propõe o acompanhamento da carreira literária de Fernando Pessoa, desde as suas primeiras publicações aos seus últimos escritos, não ignorando o contexto sócio-cultural no qual o poeta viveu e no qual por vezes sentiu a necessidade de intervir, nem a tradição contra a qual procurou amiúde medir-se. A progressão cronológica do estudo da obra de Pessoa deter-se-á privilegiadamente em alguns momentos particulares, como as publicações de 1912 na revista A Águia, o deflagrar da produtividade heteronímica em 1914, a concepção dos dois números da revista Orpheu em 1915, a controvérsia nas páginas da revista Contemporânea em 1922 e 1923, o projecto da revista Athena em 1924 e 1925, as colaborações na revista presença a partir de 1927 ou a publicação em 1934 de Mensagem, e ler-se-ão poemas, contos, panfletos, trechos em prosa ou cartas de pertinência irrecusável. O modo como Pessoa se relacionou com o seu tempo, e as colaborações periódicas em revistas, nas quais primeiro deu a conhecer a sua obra, não devem contudo ofuscar a dimensão daquilo que ficou inédito à sua morte, como aconteceu com boa parte do Livro do Desassossego. Dar-se-á, por isso, importância também a textos não publicados em vida, com especial incidência naqueles que melhor fundamentam o projecto heteronímico. Não descuidando outras facetas do autor, e mostrando de que modo todas elas, aliás, contribuem para esse projecto maior, no qual Pessoa foi paulatina e discretamente trabalhando, estudar-se-ão em detalhe os três heterónimos maiores e procurar-se-á compreender em que medida esses três autores, quando postos em relação uns aos outros, constituem a expressão acabada do poeta que Fernando Pessoa foi.

Anexos

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