II. Sobre Sentido e Denotação - 3

17 Fevereiro 2020, 18:00 António José Teiga Zilhão

Conclusão da leitura, análise e discussão de Sobre Sentido e Denotação (1892) de Gottlob Frege - 3

Continuação da análise da questão: Será a denotação de uma oração subordinada no contexto de uma frase complexa um valor de verdade? 

A) Análise da questão nas orações subordinadas substantivas, adjectivas e adverbiais: i) as orações subordinadas em discurso indirecto (já analisadas) são um caso particular de orações substantivas; ii) extensão do caso das orações subordinadas em discurso indirecto em que a denotação das mesmas e dos termos singulares que nelas ocorrem é indirecta para a generalidade dos casos em que há, nas orações substantivas, uma atribuição de atitude proposicional; iii) extensão da análise anterior ao caso das orações adverbiais finais, imperativas, interrogativas, i.e, àqueles casos nos quais as orações adverbiais se comportam como orações substantivas; iv) análise do caso das orações subordinadas, substantivas ou adjectivas, começadas por um pronome relativo, e que exprimem uma descrição definida: nestes casos a denotação da oração subordinada é um objecto ou indivíduo e o seu sentido é apenas parte de um pensamento e não um pensamento completo; v) defesa da tese de que, no âmbito dos usos cognitivos do discurso, o uso correcto de um nome próprio pressupõe que o mesmo tem uma denotação; vi) análise do caso das orações adverbiais de tempo e lugar como um sub-caso das orações substantivas anteriormente analisadas; vii) análise do caso das orações condicionais em dois sub-casos distintos: a) o das que constituem frases condicionais que exprimem generalidade e nas quais apenas a frase no seu todo exprime um pensamento, não o fazendo as orações constituintes e b) o das que constituem frases condicionais que não exprimem generalidade e nas quais ambas as frases constituintes exprimem pensamentos completos e denotam valores de verdade; viii) análise das orações conjuntivas e de alguns tipos de orações concessivas como casos de orações subordinadas que denotam um valor de verdade e têm um pensamento completo como sentido; ix) análise de casos de difícil decisão: o daquelas orações subordinadas que, além do pensamento que exprimem, estão também associadas a pensamentos colaterais, e que, por isso, se pode dizer delas que têm duas denotações, uma directa e outra indirecta. 

B) Análise da conclusão do ensaio SSeD: a conclusão de SSeD como recapitulação da solução de Frege para o enigma da identidade - no estabelecimento de uma relação de identidade do género 'a=b', apesar de ser condição da verdade da frase que os termos partilhem a mesma denotação, estes diferem no seu sentido, o que permite explicar por que é que o estabelecimento da mesma pode ter um valor cognitivo genuíno e fecundo.