A Analítica do Sublime
11 Maio 2017, 10:00 • Adriana Veríssimo Serrão
A Analítica do Sublime
Belo e Sublime: Duas experiências estéticas:
Semelhanças e diferenças do modo da relação entre sujeito e objecto §23
Duas modalidades do informe/excedência
- grandeza (excessiva): o absolutamente- grande;
- força, potência, dinamismo: o absolutamente-potente.
O ponto de bifurcação da capacidade de sentir emerge neste desajustamento entre limite, reconhecível e identificável, e ausência de forma, por excessiva e inapreeensível.
A dinâmica das faculdades
- a) o esforço e a derrota da imaginação: o sentimento de desprazer.
b) a intervenção do pensamento do infinito: sentimento estético e sentimento moral
A razão intervém para preencher o vazio de esquemas com ideias e esclarecer o verdadeiro sentido do desprazer (Unlust).
Não se deve chamar sublime à grandeza, mas ao "que é absolutamente grande";
não se deve chamar sublime à força a que ainda oferecemos resistência, mas à "força (Macht) que não tem poder (Gewalt) sobre nós" (§25, §28),
"o sublime da natureza é uma expressão imprópria e [...] só deve ser atribuído com propriedade à maneira de pensar, ou melhor, ao seu fundamento na natureza humana." §30
A dupla orientação da estética kantiana em belo e sublime assenta na diferença entre duas dinâmicas anímicas. Numa, a harmonia da imaginação e do entendimento acompanhada do sentimento de prazer persiste durante todo o tempo da contemplação, proporcionando o equilíbrio e a pacificação; na outra, o esforço da imaginação para apreender, na unidade de uma intuição, a ilimitação e excessividade, esforço esse, que votado ao fracasso, produz um conflito entre atracção e repulsão pelo objecto, que coloca o sujeito na instabilidade entre contracção e expansão das suas forças vitais.
PRÓXIMA AULA
Hegel: a historicidade da arte. A arte como manifestação sensível do absoluto. O primado da beleza artística. Linguagem poética e pensar filosófico.
Hegel, Vorlesungen über die Ästhetik / Lições de Estética (Berlin 1820-1829); Estética (Introdução, O ideal do belo), trad. port., Lisboa: Guimarães, 1952-1964.
A Estética como filosofia da Arte ou Ciência do Belo artístico com exclusão do belo natural (pp.2-3)
O belo como criação do espírito
A arte como uma manifestação do espírito (p. 5)
Ponto de Partida / refutação dos argumentos contra uma Ciência da Arte
a) a ideia de Belo (Platão: começar pela ideia, não pelo múltiplo) (pp.6-9)
b) possibilidade de uma ciência da arte: a essência do espírito é o pensamento (9 ss).
c) arte não é aparência mas manifestação (11 ss)
A arte como manifestação sensível do absoluto
Historicidade da Arte ou do Espírito na Arte: processo da consciência de si do Absoluto
Arte – Religião -- Filosofia
A arte busca o seu ideal : Tensão entre conteúdo (espiritual) e forma (sensível)
Espírito na História: as épocas
Oriental |
Clássica |
Romântica |
Arte simbólica |
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Religião (natural) |
Filosofia grega |
Cristianismo |
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Arquitectura |
Escultura |
Pintura |
Desmesura do conteúdo sobre a forma |
Adequação perfeita entre conteúdo e forma |
Música |
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Poesia |
Sublime (informe) |
Realização máxima da beleza na figura humana |
Nenhuma forma sensível é adequada ao conteúdo religioso Infinitude Experiência da interioridade |
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Da palavra ao Conceito Linguagem poética e pensar filosófico.
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Filosofia especulativa |
A morte da Arte
“As estátuas são agora cadáveres que a sua alma viva abandonou; os hinos tornaram-se palavras dos quais a fé se retirou. A mesa dos deuses está agora sem alimento espiritual nem bebida, e depois de jogos e festas a consciência já não encontra a experiência feliz a sua unidade com a própria essência … Assim, quando o destino nos oferece estas obras não nos dá o seu mundo, a primavera da vida cultural que as viu florir, o verão que as viu amadurecer, mas tão-só a lembrança velada da sua realidade.
Quando as apreciamos … trata-se de uma actividade que permanece totalmente exterior … ela não acede à interioridade da realidade cultural que produziu as obras e que lhes insuflou espírito; ela monta uma construção complicada a partir de elementos mortos da sua existência exterior, da sua língua, da sua história, etc. Nós não vivemos nelas, apenas as representamos em nós.”
Hegel, Fenomenologia do Espírito, ed. Hoffmeister, p. 523.
TESTE
6 de JUNHO 14h-17h
Sala 2.1.