I. Natureza do Juízo Declarativo. A - Teorias Clássicas do Juízo Declarativo - 6
19 Outubro 2020, 12:30 • António José Teiga Zilhão
A Teoria Kantiana do Juízo Declarativo - 5
5. Análise da tese kantiana de que o fundamento subjacente ao conhecimento expresso por meio dos juízos sintéticos a priori da Aritmética e da Geometria seriam
intuições puras a priori.
5.1. Como entender em detalhe a noção de intuição pura a priori?
5.1.1 A ambiguidade essencial do texto kantiano a este respeito: diferentes excertos da
Crítica da Razão Pura sustentam diferentes Interpretações possíveis da natureza das intuições puras a priori.
5.2. As três interpretações possíveis do texto kantiano a respeito das intuições puras a priori.
5.2.1. A interpretação
platonista - Os objectos das intuições puras seriam objectos de uma
natureza distinta (e.g., inata e abstracta) da dos objectos dados nas intuições empíricas;
5.2.2. A interpretação
construtivista - Os objectos dados à intuição pura seriam representações que, sendo singulares, constituiriam, todavia, o resultado da
construção na intuição de
conceitos, definidos
intensionalmente;
5.2.3. A interpretação
estruturalista - Os objectos da intuição pura seriam os mesmos que os das intuições empíricas, i.e., matéria mundana; o que distinguiria a intuição pura da intuição empírica seria, então, não o seu objecto, mas
o modo por meio do qual o mesmo seria considerado; numa intuição pura a priori, só a
estrutura ou
forma (espacial ou temporal) dos objectos da intuição empírica seria considerada.
5.3. Dificuldade maior
5.3.1. As interpretações construtivista e estruturalista parecem ser as mais plausíveis à luz das posições filosóficas mais gerais expressas na filosofia crítica de Kant.
5.3.2. Problema que as assombra: em última análise, elas parecem tornar
inessencial ou, mesmo,
despiciendo, o papel da intuição na determinação da verdade dos juízos aritméticos e geométricos; ora, nessas circunstâncias, deixaria de haver razão para considerar tais juízos como juízos sintéticos.