PU - 2

3 Abril 2020, 14:00 Maria Adriana Sequeira da Silva Graça

(Ainda centrando-nos nos parágrafos 1-133) – Prima facie (pelo menos), Wittgenstein está a opor-se também (senão principalmente) à sua própria concepção de sentido apresentada em TLP. Assim, no novo instrumento metodológico introduzido em PU, os jogos de linguagem, não é possível identificar, para cada palavra, o que é comum a todos os jogos de linguagem na qual ela pode estar inserida. Substitui-se esse projecto por um outro, casuístico, que consiste em olhar e comparar como um dado termo funciona em diferentes jogos de linguagem. O mais que pode ser observado é uma “família de semelhanças” (§65, p. ex.); uma  analogia com jogos (o que é comum a todos os jogos?) é avançada (§66). Problematizam-se distinções standard ao longo da história da Filosofia: exacto/inexacto; simples/complexo; essencial/acidental, etc. Apesar de ser impossível localizar núcleos temáticos circunscritos a determinados parágrafos, pois PU é fundamentalmente assistemática e os temas vão-se cruzando, aparecendo, desaparecendo e reaparecendo ao longo da obra, é consensual identificar o texto entre os §§ 89 e 133 como incidindo dominantemente sobre a natureza Filosofia – ela é uma actividade e uma terapia, não uma teoria ou conjunto de teorias. É interessante observar neste ponto uma certa continuidade com TLP.