IV. Problema Mente-Corpo - 3

22 Março 2019, 12:00 António José Teiga Zilhão

3. O Argumento de Kripke contra o materialismo reducionista: i) O materialismo reducionista afirma que podemos entender as identidades psico-físicas (e.g., dor=disparo das fibras-C) como sendo do mesmo género que as identidades teóricas da ciência (e.g., água=H2O; calor=energia cinética molecular média); ii)  Refutação de Kripke do materialismo reducionista: a) as identidades teóricas da ciência, se verdadeiras, são (contra Kant) verdades necessárias a posteriori (i.e., são efectivamente identidades - as suas negações não podem ser afirmadas sem que se incorra numa contradição); b) as supostas identidades psico-físicas podem ser negadas sem que se incorra numa contradição; logo, elas nem são necessárias, nem são identidades; c) caso elas exprimam concatenações realmente existentes, as supostas identidades psico-físicas exprimem apenas concatenações contingentes (i.e., elas exprimem concatenações de natureza causal); d) mas causas e efeitos são eventos distintos entre si e independentes um do outro; e) logo, o que o materialismo reducionista contende é que poderíamos 'reduzir', por meio de uma definição com a forma de uma identidade, o termo que designa um efeito ao termo que designa a sua causa; f) mas uma tal contenção é patentemente incorrecta - as causas não definem os seus efeitos; g) logo, o materialismo reducionista é improcedente.