FILOSOFIA EM PORTUGAL

2º SEMESTRE (2022/2023)

 

PROF. PEDRO CALAFATE

 

 

A disciplina centra-se em tópicos fundamentais da filosofia moderna e contemporânea em Portugal, traçando um mapa de percursos possíveis para um diálogo com o nosso tempo.

 

 

 

Introdução

 

                         Língua, Cultura e Filosofia.

 

Bibliografia sumária: Umberto Eco. A procura da língua perfeita. Lisboa: Presença. 1995.

 

 

 

I-Filosofia Moderna em Portugal

 

I.1-Fundamentação filosófica dos direitos humanos universais no Renascimento português: a defesa da unidade do género humano; a liberdade e a igualdade naturais entre os homens de todas as regiões do mundo; a refutação do conceito aristotélico de escravatura natural; a supremacia da Razão da Humanidade sobre a Razão de Estado; a génese do conceito de crime contra a humanidade; a proteção internacional dos direitos humanos; a “autoridade do orbe” : o novo jus gentium e a civitas gentium moderna; a origem democrática do poder político e a legitimidade das soberanias dos povos do mundo; a propriedade como direito universal comum a todos os povos e pessoas; a refutação do poder universal do imperador e/ou do papa;  génese e afirmação do direito de resistência ativa e do direito de legítima defesa das comunidades e das pessoas; a defesa da tolerância e da  convivência pacífica entre religiões ou as bases para o diálogo inter-religioso.

 

I.2-A pertinência e atualidade dos temas em análise: a Carta das Nações Unidas (1945), a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (1948); o confronto atual entre universalismo e relativismo/culturalismo.

 

Bibliografia sumária:

- Brian Tierney. “The idea of natural rights. Origin and Persistence”. Northwester Journal of International Human Rights, 2004, vol. 2, Issue I, article 2. https://scholarlycommons.law.northwestern.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1005&context=njihr

- António Truyol e Serra. Genèse et fondements spirituels de l’idée d’une communauté universelle. De la “civitas maxima” stoicienne à la “civitas gentium” moderne,. Lisboa: FDUL. 1958.

-Pedro Calafate e Ramón Gutiérrez. Escuela Ibérica de la Paz. Santander: Editora Universidad Cantabria. 2014; Pedro Calafate (Dir.). Escola Ibérica da Paz nas Universidades de Coimbra e Évora (Séculos XVI e XVII). 3 volumes. Coimbra: Almedina. 2015-2020.

-Álvaro Balsas e Pedro Calafate (Eds). Escola Ibérica da Paz: Direito Natural e Dignidade Humana. Revista Portuguesa de Filosofia. Volume 75, nº 2, 2019 (número temático). https://dialnet.unirioja.es/revista/1556/V/75

 - António Cançado Trindade. A Humanização do Direito Internacional. Editora DelRey. Belo Horizonte. 2006.

- Pedro Calafate. Da Origem Popular do Poder ao Direito de Resistência. Editora Esfera do Caos. Lisboa. 2012.



1.3: Teoria da Arte e Teoria do Conhecimento no Renascimento Português: Francisco de Holanda e o maneirismo: fundamentação metafísica da pintura; Francisco Sanches: o cepticismo empírico e o primado da experiência.

 

Bibliografia sumária:

Adriana Veríssimo Serrão. “Estética e Teorias da Arte no Renascimento Português”, in História do Pensamento Filosófico Português, volume II, Lisboa: Caminho, 2000. Francisco de Holanda. Da Pintura Antiga. Lisboa: Livros Horizonte. 1984. Francisco Sanches. Que nada se Sabe. Lisboa: Vega. 1991.

 

I.4- António Vieira e os labirintos do barroco: a filosofia política e a filosofia da história de António Vieira: a justiça e a paz universais em Vieira e sua contextualização nas filosofias da paz na Europa moderna de Saint Pierre a Kant; a vida como sonho e loucura ou a pertinência dos grandes projetos; a vida como um jogo; a vida como teatro ou a concepção de Deus como “supremo artífice da arte cómica”; Antiguidade e Modernidade: “os verdadeiros antigos são os modernos”; Vieira perante a Inquisição; o humanismo de António Vieira perante a candente questão da escravatura: brancos, índios e negros ou homem no labirinto da sua circunstância.

 

Bibliografia sumária:

Francisco Javier Espinosa Antón. Inventores de la Paz. Soñadores de Europa. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva. 2013.

António Vieira. Chave dos Profetas. Direção e coordenação de José Eduardo Franco e Pedro Calafate. Lisboa: Circulo de Leitores, 2013; António Vieira. História do Futuro. Direção e coordenação de J. E. Franco e P. Calafate. Lisboa: Temas e Debates. 2017.

Pedro Calafate. “O projeto de paz universal do Padre António Vieira”. Revista de Hispanismo Filosófico, Madrid, nº 22, 2017, pp. 53-72. https://ahf-filosofia.es/wp-content/uploads/revista_AHF_22_2017.pdf

 

4-A Filosofia das Luzes no Século XVIII em Portugal: a filosofia da história e a afirmação do conceito de progresso; o contágio mítico da razão ou as “paixões da razão”; a filosofia política: a fundamentação do Estado Absoluto; o conceito de filosofia: o triunfo da física; a crítica ao espírito de sistema cartesiano e a valorização do ecletismo como atitude filosófica; gramática e filosofia: o ideal da língua universal;  a crítica da retórica barroca e a afirmação dos padrões neoclássicos do gosto; ciência e religião na Filosofia das Luzes em Portugal: conflito e conciliação; as consequências filosóficas do terramoto de 1755 em Portugal e na restante Europa: de Teodoro de Almeida a Voltaire.

 

Bibliografia sumária:

Luis Antóno Verney. “Carta sobre a Física” in Verdadeiro Método de Estudar (1746). Ed. e org. António Salgado Júnior. Lisboa: Livraria Sá da Costa. 1949.

José Seabra da Silva. Dedução Cronológica e Analítica. Lisboa: na Officina de Miguel Menescal da Costa. 1768.

Pedro Calafate (Dir). História do Pensamento Filosófico Português. volume III: As Luzes.  Lisboa: Editorial Caminho, 2001.

Pedro Calafate. A Ideia de Natureza no século XVIII em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1994.

 

 

II-Filosofia Contemporânea em Portugal

 

 

 

1-A centralidade da questão do mal na filosofia portuguesa contemporânea: o mal como resultado de uma cisão em Deus, na obra de Sampaio Bruno; evolucionismo e monismo de Guerra Junqueiro e sua refutação do dogma cristão da criação; o saudosismo metafísico em Teixeira de Pascoaes e a essência poética da verdade: a origem divina do mal e a concepção do homem como “consciência do universo”.

 

Bibliografia sumária:

Sampaio Bruno. A Ideia de Deus. Porto: Lello. 1998.

Obras de Guerra Junqueiro. Org. de Amorim de Carvalho. Porto: Lello. S.d.

Teixeira de Pascoaes. O Homem Universal. Lisboa: Assírio & Alvim. 1993.

 

 

 

 

 

2- O existencialismo em Portugal: Vergílio Ferreira. A refutação do racionalismo e do estruturalismo; a supremacia da existência sobre a essência: da natureza humana à condição humana; a morte de Deus e a afirmação do homem como projeto; a valorização da arte e das “verdades de sangue”; a relação entre a arte e a filosofia; filosofia e literatura: o romance de ideias.

 

Bibliografia sumária:

 

Jean Paul Sartre. O Existencialismo é um Humanismo. Tradução, prefácio e notas de Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença. 1962.

Vergílio Ferreira. Pensar. Lisboa: Bertrand. 1992.

Vergílio Ferreira. Do mundo original. Lisboa: Bertrand. 1979.

Vergílio Ferreira. Espaço do Invisível III. Lisboa: Bertrand. 1977.

Vergílio Ferreira. Invocação ao meu corpo. Lisboa: Quetzal. 2011.

 

3- O racionalismo idealista em António Sérgio: a afirmação do objeto científico como resultado de uma operação do intelecto; a crítica do modelo científico do positivismo; o embate de Sérgio com o saudosismo de Teixeira de Pascoaes; a proposta de reforma da cultura portuguesa à luz do racionalismo e do “cartesianismo ideal”.

 

Bibliografia sumária:

 

António Sérgio. Ensaios. 8 volumes. Lisboa: Livraria Sá da Costa. 1976

Miguel Baptista Pereira. “O neo-iluminismo filosófico de António Sérgio”. Revista de História das Ideias. Coimbra nº5, 1983, nº 5, volumei, pp. 21-87.

 

 

 

 

4-  Quatro reflexões contemporâneas sobre Portugal:

 

1-   Antero de Quental: sobre o conceito de decadência.

2-   João de Andrade Corvo: Portugal na balança da Europa ou os desafios do racismo, do nacionalismo e do imperialismo na Europa do final do século XIX.

3-   Fernando Pessoa. Do “neopaganismo superior” ao Quinto Império: “Sermos tudo de todas as maneiras”.

4-   Almada Negreiros: a emancipação pela arte.

 

Bibliografia sumária:

Pedro Calafate (Ed.). Portugal como Problema. Volumes III e IV. Lisboa: Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento-FLAD/Público. 2006 [Antologia crítica de textos dos autores citados. Contém ampla bibliografia]

 

Avaliação:

Dois testes escritos ou, em alternativa, um teste escrito e um trabalho.