A complexificação de Deus – debates em torno da divindade cristã e a definição da Trindade.

17 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

I.                Niceia – 20 de Maio – 325.

1.      Um imperador; 318 (?) bispos de todo o império; c. 1800 participantes.

2.      Niceia (Iznik): uma cidade grega entre a Europa e a Ásia. No palácio imperial.

3.      Um problema: quem é/era Jesus de Nazaré. Um problema cristológico.

 

II.              O Arianismo.

1.     Ário (256?-336): um sacerdote que se incompatibiliza com Alexandre de Alexandria. Concílios locais e violência entre partes.

2.     Eusébio de Cesareia: entre apoiante de Ário e subscritor de Niceia.

3.     Subordinacionismo ou Coordenacionismo (no tempo e na essência)? Uma divindade una ou uma divindade trina? Igualdade ou diferença? Criatura?

4.     O Arianismo e a discussão acerca do lugar de Cristo na Trindade. A substância do Filho, as doutrinas de Ário e o concílio de Niceia (325). ‘Filho unigénito’?; ‘nascido do Pai antes de todos os séculos’?; ‘Deus de Deus’?; ‘Gerado não criado’?; ‘Consubstancial ao Pai’?.

 

III.             O concílio de Constantinopla (381).

1.      Teodósio (379-395): convoca o concílio de Constantinopla, mas não participa nas sessões.

 

Creio em Deus, Pai todo poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em Jesus Cristo, seu único filho, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai. Por ele, todas as coisas foram feitas e por nós homens e para nossa salvação, desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria (Credo de Niceia-Constantinopla)

 

IV.             Éfeso (431) e Calcedónia (451).

1.      Os concílios de Éfeso (431) e de Calcedónia (451).

2.      O debate sobre as duas naturezas de Cristo – Monofisismo vs. Nestorianismo.

3.      A derrota do Monofisismo em Calcedónia: ἐν δύο φύσεσιν ἀσυγχύτως, ἀτρέπτως, ἀδιαιρέτως, ἀχωρίστως – in duabus naturis inconfuse, immutabiliter, indivise, inseparabiliter (=em duas naturezas, de forma inconfusa, imutável, indivisa e inseparável).

 

V.              O eusebianismo político: o triunfo das ideologias monárquicas.

1.      As raízes pré-clássicas e helenísticas das concepções monárquicas clássicas.

2.      Humanização, distância e sacralização: o imperador não é Deus; etiqueta distanciadora; o papel do incenso e do trono.

3.      Imperador e Hier-arquia. A reprodução na terra da hierarquia celeste. A escolha do Imperador por Deus. O Subordinacionismo e o imperador.

4.      Teodósio (379-395):

4.1   convoca o concílio de Constantinopla (381), mas não participa nas sessões.

4.2   O triunfo de Niceia e a proclamação de Arcádio como co-imperador (383). A legitimação religiosa dos pares imperiais: Teodósio – Arcádio – Honório.

5.      A Augusta virgem, Pulquéria (ca. 398-9; 414; 450; 453) e o debate sobre Maria: a defesa de Maria como Theotokos (Mãe de Deus). A identidade implícita entre Maria e Pulquéria.

 

VI.             A evolução da concepção republicana: o ‘urbanismo político’.

1.      O elemento colectivo da República romana e a constante reacção anti-monárquica: e.g. Heliogábalo; Aureliano. A necessidade de fugir a Roma para haver monarquia.

2.      O elemento colectivo da República romana. Qual o seu lugar, quando o império prescinde de Roma?

3.      A defesa da preeminência simbólica da Vrbs: os senadores e o seu prestígio. Símaco e o caso da altar da Victória. A narrativa senatorial é pagã: o império como produto de guerras justas, pela obediência às tradicionais priscae uirtutes, e como consequência do favor concedido pelos deuses.

 

VII.           O episcopalismo de Ambrósio de Milão.

1.      O caso do altar da Victória e a ‘guerra’ com o Senado;

2.      O conflito com a imperatriz Justina e a proibição das igrejas arianas de Milão.

3.      O massacre de Tessalónica e o conflito com Teodósio I (390).

4.      A submissão ideológica do imperador ao bispo e a defesa do império cristão.