Perspectivas locais e regionais: transformações e continuidades – urbanismo, sociedade e economia.

24 Março 2022, 11:00 Rodrigo Furtado

I.        Um mundo de cidades.

1.      Procópio: Romanos são os mais philopolides de todos os povos.

2.      Uma auto-percepção: a cidade como organizadora do espaço político, regional, económico e mental:

3.      Um estatuto: autonomia administrativa - ca. 2000 cidades autónomas no Império. As novas fundações.

4.      O carácter tipificado da cidade romana. A relativa uniformidade. A uniformização dos estatutos: os municipia.

5.      O espaço demográfico: 80% de população rural – uma contradição?

6.      As regiões mais urbanizadas: o Mediterrâneo vs. Continente; Oriente vs. Ocidente.

7.      No Ocidente: a consciência de que a cidade era uma “coisa romana”.

8.      A organização da cidade: polis; ciuitas.

i.   O centro: boulê; curia.

ii. A elite: bouleutai/politeuomenoi; decuriones/curiales.

iii.                 Evergetismo e concorrência.

iv.                  A recolha de impostos.

v. Uma estrutura de enorme estabilidade.

 

II.              A máquina administrativa e fiscal de Diocleciano-Constantino e as suas consequências.

1.      Máquina muito mais presente e controladora: menor liberdade/autonomia local; benefícios menores da recolha local de impostos, muito mais controlada.

2.      A desmultiplicação de lugares oferece novas formas supra-locais de competição e promoção pessoal e familiar.

3.      Formas de escapar ao serviço decurial: carreira administrativa; carreira militar; carreia eclesiástica. O estatuto senatorial: os honorati.

4.      Legislação para forçar as obrigações curiais: a hereditariedade mais do que a eleição/co-optação.

5.      Reconfiguração do poder local: oficiais imperiais; homens de estatuto senatorial isentos do serviço curial; bispo. As novas elites e as modificações no funcionamento das estruturas urbanas.

4.1   O defensor ciuitatis: juiz; por vezes torna-se o líder.

                                                           a.         Início do s. IV: nomeado pelo prefeito do pretório;

                                                          b.         387: eleição pela curia.

                                                           c.         409: eleição pelos curiales, honorati (ie senadores), possessores, bispo e clero.

4.2   O comes ciuitatis.

a.          nomeação variável – líder da cidade.

6.      Um bom indicador: a diminuição da epigrafia. Porquê?

7.      O papel do bispo como líder local – o carácter vitalício do lugar.

 

III.             O aspecto das cidades.

1.      A diversificação da evolução das cidades na Antiguidade Tardia: Oriente vs. Ocidente; Mediterrâneo vs. Continente.

i.   Síria, Palestina, Egipto: enorme vitalidade e prosperidade; poucos sinais ou ausência de sinais de crise;

ii. Grécia: contracção de Corinto – no s. VI já havia sepultamentos na ágora;

iii.                 Balcãs: óbvia contracção sobretudo nas regiões de fronteira;

iv.                  África: mantém-se próspera, mas modificam-se as cidades – a invasão das partes públicas por construções privadas ou comerciais;

v. Ibéria/Gália: diferenças regionais W/E e N/S: construção de muralhas/diminuição das cidades; a conquista do espaço público por novo espaço privado ou comercial;

vi.                  Itália: maior prosperidade, durante mais tempo, mas menor opulência, pelo menos até à invasão de Justiniano.

2.      Grandes cidades: Roma, Milão, Cartago, Constantinopla, Antioquia, Alexandria. A diversidade de tamanho: Roma (ca. 300mil habitantes); no Egipto (média das cidades: ca. 25 mil hab.).

3.      As grandes alterações nas cidades (Wichkam, 2005: 672-3). Como interpretar? Declínio ou transformação?

i.                      A descntralização/desmonumentalização do forum;

ii.           Menor construção de edifícios monumentais;

iii.         Destruturação ou fragmentação do espaço das cidades;

iv.          Divisão de grandes edifícios em edifícios mais pequenos; as construções em pórticos e edifícios/espaços públicos

v.           Simplificação das técnicas de construção (a reutilização de spolia);

vi.          Abandono ou descuido de edificios e espaços públicos e o abandono/não reparação de sistemas complexos de canalização, esgotos, etc;

vii.        Sepultamentos intra-muros e frequentemente no forum;

viii.       Abandono de áreas urbanas e substituição por áreas agrícolas/pastagem.

 

4.      A Cristianização das cidades e a despaganização do espaço urbano.

i.                       Novos templos/igrejas; o abandono/substituição dos templos pagãos; o novo evergetismo.

ii.                      O abandono dos equipamentos culturais (mais na periferia que no centro do Império): teatros e anfiteatros; a manutenção do circo.