A longa Antiguidade Tardia: um período em definição.
26 Fevereiro 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
I. As origens de um período.
1. E. Gibbon (1776-1789), The history of the decline and fall of the Roman Empire, 6 vols. (96 d.C.-1590): as teses – a crise do ideal de cidadania; a crise do conceito de cidadão-soldado; o papel do Cristianismo. Bárbaros e cristãos e o fim da cultura antiga.
2. J. B. Bury (1889), The history of the Later Roman Empire; F. Lot (1927), La fin du monde antique et le début du moyen âge. The ‘Bas-Empire’.
3. A primeira edição da Cambridge Ancient History (1932) e a exclusão do período posterior a 324 na historiografia anglo-saxónica.
4. H. Pirenne (1937), Mahomet et Charlemagne: ruptura das estruturas clássicas.
5. H. I. Marrou (1938), Saint Augustin et la fin de la culture antique; A.H.M. Jones (1964), The Later Roman Empire. AD 284-602; P. Brown (1971), The world of Late Antiquity; H. I. Marrou (1978), Décadence romaine ou Antiquité tardive?
6. O boom científico dos anos 1990-2018:leituras de continuidade e assimilação (W. Goffart (1980), Barbarians and Romans. The Techniques of Accommodation; W. Pohl (1997), Kingdoms of the Empire. The Integration of Barbarians in Late Antiquity) e o regresso ao passado (P. Heather (2005), The Fall of the Roman Empire: a New History; B. Ward-Perkins (2005), The Fall of Rome and the End of Civilization).
7. Problemas: quando foi o apogeu do Império Romano? Qual o critério para avaliar a decadência? A cultura cristã: decadência ou dinamismo e criatividade? O Cristianismo é clássico? Quando começa? Quando termina? O que engloba? Continuidade ou ruptura? Late Antiquity=Late Roman?
II. Problemas de periodização e de geografia.
- Glen W. Bowersock, Peter Brown, Oleg Grabar, eds., Late Antiquity: A Guide to the Post- Classical World (Cambridge,MA: Harvard Univ. Press, 1999), ix (‘The time has come for scholars, students, and the educated public in general to treat the period between around 250 and 800 CE as a distinctive and quite decisive period that stands on its own’). Uma visão optimista do período; policentrismo.
- Av. Cameron et alii, ed. (2001), The Cambridge Ancient history. 14. Late Antiquity: Empire and successors. AD 425-600, Cambridge. A invasão lombarda.
- Ch. Wickham (2005), Framing the Early Middle Ages: Europe and the Mediterranean, 400–800.
III. O que mudou?
1. Até 500:
a. Cristianismo: a substituição das religiões cívico-políticas.
b. Monarquia: a derrota de uma concepção republicana do poder.
c. Pseudomorfose: a complexidade da cultura tardia.
d. Centrifugação: o eclipse de Roma, as novas cidades imperiais e o triunfo das periferias. ‘The Destruction of Central Romanness’ (P. Heather).
e. O colapso do sistema fiscal imperial no Ocidente e da economia itálica.
f. Invasões, migrações, etnogénese e colaboração: a alteração do panorama político no Ocidente.
2. Até 800:
- Regna: novas realidades políticas e o contributo das elites provinciais romanas.
- Demografia e clima: trends científicos.
- Urbanização e Ruralização: o atrofio urbano e a melhoria das condições de vida campesinas.
- Imitatio imperii: no Reno, no Norte de Itália, na Hispânia e em Damasco.
- Agonia/Queda: Bizâncio e a Pérsia sassânida. Mahomet: a irrupção árabe e o Islão
- Classicismo: transmissão da cultura no Mediterrâneo e na Europa.