Agostinho: Confissões, Livro Arbítrio e Cidade de Deus. A revolução do pensamento: Deus e o homem.

9 Abril 2018, 14:00 Rodrigo Furtado

  1. Um homem do seu tempo (354-430):
    1. De Tagaste a Milão: aristocracia local; região densamente cristianizada; professor de retórica: Tagaste (373-4), Cartago (374-84), Roma (384-6), Milão (386-7). O baptismo: 387. Bispo de Hipona: 397.
    2. Dois problemas da Filosofia Antiga: a procura da sabedoria=felicidade/ a origem do mal na história.

2.     DUAS RESPOSTAS

    1. A procura da sabedoria: o maniqueísmo de origem persa.

                                               i.     O problema da origem do mal e o combate/dualismo entre Deus (bem) e Satã (mal), nenhum dos dois omnipotentes;

                                              ii.     A alma humana e o mundo como espaço de confronto entre o bem e o mal;

                                             iii.     A procura da sabedoria implica a derrota do mal interior;

    1. O neo-platonismo.

                                               i.     A existência do belo e do bem em si e a deformação do mundo sensível: o mundo das ideias como uno e singular;

                                              ii.     A prioridade do consciência (nous) na procura do belo/bem em si, recusando a experiência sensível.

 

3.     O Cristianismo e a procura da sabedoria=felicidade.

a.       Como é que o Cristianismo e a Sabedoria se podem identificar? Fundamental para compreender mais de 1500 euros de História da Cultura;

b.     Confissões (396-7):

                                               i.     Ser feliz é ser sábio: primeiro princípio. Deus é sabedoria (Logos). Logo ser sábio é conhecer Deus. Como se atinge a sabedoria? Através da Filosofia. Logo, o cristianismo é a verdadeira filosofia.

                                              ii.     O processo de conversão: a ascensão do intelecto: Os quatro seres: os que existem; os que existem e vivem; os que existem, vivem e pensam (De libero arbitrio 2); e o que existe, vive, pensa e é eterno e imutável. As confissões pretendem mostrar a ascensão da alma até à contemplação da verdadeira Sabedoria.

                                             iii.     O Cristianismo neo-platónico: o mundo visível é apenas parte da realidade, transitório, subjectivo, corruptível, passageiro vs. Deus. A alma com capacidade para chegar perto de Deus.

                                             iv.     A recusa do maniqueísmo: o mundo como intrinsecamente bom porque criado por Deus. Incapacidade humana para ver plenamente Deus através do mundo (dif. Do maniqueísmo que entendia o mundo sensível como um impedimento para conhecer Deus).

 

4.     Reconsideração da História e a origem do mal.

a.      De diuersibus quaestionibus LXXXIII, 48: simples ordo temporum transactorum; a recusa da ciclicidade.

b.     O pecado original, a origem do mal e a explicação da história.

c.      A omnisciência divina, a liberdade humana e a existência de Deus fora do tempo.

d.     A cidade de Deus e a cidade do Homem: duas comunidades não necessariamente materializadas em termos institucionais (e.g. a pertença à Igreja não é condição de salvação; o papel do império na cidade de Deus).

e.      A negação da escatologia: o sentido da história para lá da morte: a resposta a 410.