Houve alguma crise no século III? Cinquenta anos alucinantes e a solução (?) da tetrarquia.
8 Março 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
I. O que marca a ‘crise do século III’?
1. As ameaças externas:
1.1 Os Sassânidas:
1.1.1 A dinastia sassânida: Ardashir I (224-242) – o ataque à Mesopotâmia e à Arménia e os raides pela Síria.
1.1.2 A incapacidade de resposta romana: Severo Alexandre, Gordiano III. A humilhante derrota de Valeriano na batalha de Edessa (260).
1.2 A pressão germânica no Reno-Danúbio: Francos, Alamanos, Hérulos, Godos. A incapacidade da resposta romana: Severo Alexandre, Filipe. A derrota de Décio em Abrito (Mésia Inferior). A abandono da Dácia (Aureliano).
2. O problema sucessório.
2.1 Como? Quem sanciona? Quem pode ser escolhido? Onde?
2.2 Pelo menos 30 imperadores entre 235 e 285. Apenas um não foi assassinado.
2.2.1 Pela guarda pretoriana; por inimigos; por rivais; pelos seus legionários;
2.2.2 O papel dos exércitos: perante a instabilidade militar e a irrelevância de Roma.
2.2.3 Os imperadores gálicos: Póstumo e sucessores;
2.2.4 Zenóbia e Vabalato: o reino de Palmira – lealismo ou separatismo?
2.3 Imperadores que não são estritamente romanos: líderes militares de origens diversas; a incapacidade do Senado – a resistência a Maximino e a irrelevância de Pupieno e Balbino (235-238);
2.4 O edicto de Galieno (261 ou 262): o afastamento dos senadores dos cargos administrativos e militares;
2.5 A indiferença deste processo ao nível regional e local: As fronteiras vs. Mediterrâneo; importância das instituições locais: poleis e ciuitates.
3. O problema da inflação na segunda metade do século III:
3.1 A necessidade de dinheiro para sustentar a máquina militar; a ausência de um mercado de dívida;
3.2 A desvalorização da moeda e o aumento dos preços;
3.3 A sobre-taxação e a potencial ruína dos decuriões.
II. Diocleciano (244-311).
1. Uma personagem obscura.
1.1 Um imperador de origem obscura: o filho de um liberto; Dalmácio.
1.2 A vitória de Margo sobre Carino (284).
1.3 Objectivos: garantir a preeminência ideológica do imperador; resolução do problema sucessório; resolução da crise dos preços; protecção das fronteiras.
2. A preeminência ideológica do imperador: a vitória da ideologia monárquica de raiz oriental.
2.1 A sacralização da figura imperial em vida: Iouius; Herculius;
2.2 O afastamento de Roma;
2.3 A criação de uma etiqueta de distanciamento de matriz oriental. A influência persa.
- a púrpura e o diadema; a distância protocolar (e.g. entradas nas cidades); o cerimonial de corte.
3. O sistema da tetrarquia.
3.1 Dois Augustos e dois Césares: Diocleciano e Maximiano; Galério e Constâncio. Os casamentos com Valéria e com Teodora. Nicomédia-Antioquia; Milão-Trier. Os Valérios.
3.3 A primeira vista de Diocleciano a Roma: os uicennalia de 303. Significado ideológico: o que é o império?
4. A reforma administrativa
4.1 Dioceses e províncias; vigários e praeses. Funções eminentemente civis.
4.2 O prefeito do pretório como número dois dos Augusti;
4.3 A exclusão do senado: tudo é entregue a cavaleiros.
4.4 O senado e o governo da Itália. A Ásia e a África.
5. A protecção das fronteiras
5.1 A duplicação dos efectivos militares (de 200 para 400 mil efectivos);
5.2 A resolução dos problemas fronteiriços;
5.3 A necessidade de pagar ao exército: o novo sistema fiscal:
- o novo recenseamento: uma espécie de ‘inquirições’ avant-la-letttre – capita e iuga;
- o papel dos decuriões na recolha dos impostos;
- a inclusão da Itália (mas exclusão de Roma);
- os pagamentos em géneros e o abastecimento das legiões.
6. O controlo da inflação.
6.1 A edicto dos preços (301): o tabelamento.
6.2 O mercado paralelo; o esvaziamento do mercado legal; o abandono do edicto dos preços.
7. O mundo de Diocleciano.
7.1 Os tópicos antigos: idade do ouro.
7.2 A prosperidade mediterrânica;
7.3 A nova ideologia monárquica;
7.4 Os novos centros: Trier, Milão.