Orósio: contra os pagãos e a felicidade dos Christiana Tempora. A revolução do tempo: Deus e a história.
22 Março 2018, 14:00 • Rodrigo Furtado
I. As Histórias de Orósio
1. A estrutura:
a. Sete livros – sete dias; os debates em torno da duração do mundo e a mutação orosiana.
b. Umas histórias optimistas: desde as gentium miseriae até à felicidade do presente – a mutação orosiana;
c. Reafirmar o eusebianismo político: como provar o improvável – a teimosia orosiana.
2. O saque de Roma de 24 de Agosto de 410.
a. O círculo pagão de Volusiano e a crítica à Encarnação; a cessação dos ritos e da adivinhação; as consequências do Cristianismo.
b. Orbis terrarum ruit;
‘Chega-me um terrível rumor do Ocidente: Roma foi cercado, a vida dos cidadãos resgatada com ouro e de novo os espoliados foram cercados, de tal modo que, depois dos seus bens, também perderam a vida. Embarga-se a vos e os soluços entrecortam as palavras quando dito esta carta. Foi tomada a Cidade que tomou todo o orbe; morre com fome antes de morrer pela espada; e dificilmente se encontram uns poucos para serem capturados: Ó vergonha, o círculo da terra desmorona, mas os nossos pecados não desaparecem. A ínclita Cidade e cabeça do poder romano foi consumida por um único incêndio. Não há região que não tenha refugiados vindos de lá. Em cinzas e em brasas caíram igrejas outrora sagradas. E, ainda assim, teimamos na avareza. (Hier. ep. 128.5).
c. A primeira resposta de Agostinho: O De excídio urbis Romae.
O que havemos de dizer, irmãos? Tremenda e veemente questão nos é aqui lançada, sobretudo por homens que, sem piedade alguma, assaltam as nossas escrituras (não decerto por aqueles que piamente as perscrutam) e que dizem, sobretudo acerca da recente destruição de tão grande cidade: «Não haveria em Roma cinquenta justos? Em tão grande número de fiéis, de pessoas consagradas, de tantos que vivem em continência, em tão grande número de servos e servas de Deus, não foi possível encontrar cinquenta justos, nem quarenta, nem trinta, nem vinte, nem dez? Se isto é pouco provável, por que razão Deus por cinquenta ou mesmo por dez [justos] não poupou a cidade?» (…) Então, eu apresso-me a responder: «Ou encontrou aí alguns justos e poupou a cidade ou, se não poupou a cidade, é porque não encontrou nenhum justo.» Dir-me-ão que é evidente que Deus não poupou a cidade. Eu porém respondo: «Para mim, não é de modo nenhum evidente.» A devastação da cidade que então aconteceu não foi como a de Sodoma. Quando Abraão interrogou Deus, a pergunta era acerca de Sodoma. E Deus, então, disse: «Não destruirei a cidade»; não disse: «Não castigarei a cidade». Deus não poupou Sodoma, destruiu Sodoma, consumiu-a completamente nas chamas. Não lhe adiou o Juízo, mas exerceu sobre ela o que tem guardado para os outros perversos no dia do Juízo. De Sodoma não restou absolutamente nada (…) Da cidade de Roma, porém, muitos fugiram e hão-de voltar, muitos ficaram e salvaram-se, muitos, nos lugares sagrados, não foram atingidos! «Mas – dir-me-ão – muitos foram levados como cativos». Também Daniel, não para seu castigo mas para consolação dos outros. «Mas muitos – dirão ainda – foram mortos.» Também muitos justos profetas desde o sangue do justo Abel até ao de Zacarias. Também os apóstolos, e o próprio senhor dos profetas e dos apóstolos, Jesus. «Mas muitos – dirão – foram atormentados por toda a sorte de aflições.» Imaginamos porventura que o foram tanto quanto o próprio Job? (2.2; trad. C. Urbano)
- O praeceptum agostiniano.
a. Or. 1. prol.
b. Uma interpretação retórica?
c. O esquecimento de Orósio após 417;
- As diferenças de Orósio:
a. A história providencialista e conduzida por Deus: a inteligibilidade da história;
b. A recusa da Roma republicana;
c. A recusa de uma história que se projecta plenamente para lá da morte.
- Textos
- Or. 2.19.10-15;
- Or. 6.22.5-8;
- Or. 7.35.1-23;
- Or. 7.39.1-18.