Josef Von Sternberg e a criação do mito de Marlene Dietrich

25 Fevereiro 2016, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

A construção do mito Dietrich em Der Blaue Engel (1930) que o cineasta rodou em Berlim, antecedendo a viagem da estrela alemã para Hollywood, onde protagoniza Morocco (1930), um enorme sucesso (em que cunha a sua emblemática androginia, vestida de smoking), ao lado de Gary Cooper, a que se seguem mais quatro filmes de que se destacam Dishonored (1931) e Scarlet Empress (1934), em fulgurante Catarina da Rússia.

Início do visionamento comentado de Devil is a Woman (Josef Von Sternberg, 1935): a estranha encarnação da espanhola Concha Perez, requintando em peinetas, mantilhas, flores e penteados, cada vez mais extravagantes, numa prodigiosa fantasia surrealizante; a relação com as Carmens e as Lolas da tradição oitocentista; a exuberância do jogo carnavalesco, fazendo deste último filme da dupla um transgressivo olhar sobre a própria definição da dimensão estelar, que aqui se pulveriza em sinais de excesso e de contradição.