Devil is a Woman (Josef Von Sternberg, 1935) e o capricho espanhol, no filme que encerra a série de sete filmes de Sternberg com Dietrich

3 Março 2016, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

Breve menção à fortuna crítica do romance de Pierre Louys, La Femme et le Pantin (1898): grande sucesso literário que levou à primeira adaptação na ópera de Ricardo Zandonai, Conchita; duas versões cinematográficas mudas, uma americana (Frank Lloyd, 1920) com a diva operática, Geraldine Farrar, que já fora a Carmen do filme de De Mille (1915), e outra francesa de Jacques de Baroncelli (1928); o quarto filme foi concebido para a grande estrela francesa dos anos 50, Brigitte Bardot (Julien Duvivier, 1959), contracenando com o português António Vilar no papel de Don Mateo.

Conclusão do visionamento comentado de Devil is a Woman (Josef Von Sternberg, 1935): o lado pictórico, evocador de Goya, levando ao extremo a visualidade carnavalesca; a intrusão de um número musical de cabaret para servir a persona da Dietrich; modos específicos de dar corpo e imagem ao raconto de Don Pasqual (em vez de Don Mateo Diaz) narrando as suas desventuras amorosas a Antonio Galván (César Romero), substituindo o francês André do original literário; a relevância do divertimento hollywoodiano, iludindo por completo o lado moralizante do romance.