Plano de aulas
26 Janeiro 2021, 17:00 • Ernesto José Rodrigues
Apresentação do programa, plano de aulas e bibliografia activa.
Elementos de avaliação: dois exercícios escritos presenciais.
Os estrangeiros podem redigir numa língua a combinar.
Se útil ao aluno, aceita-se um trabalho preparado em casa e apresentado, individual e oralmente, na sala de aula.
Datas dos testes: a combinar
Exige-se uma frequência mínima de 75 por cento de aulas.
Horário de atendimento: www.ernestorodrigues@campus.ul.pt; telemóvel / WhatSapp: 968047944: 5.ª feira, 19,30-20,30h.
Objectivos. Estudar a representação de acontecimentos, mitos e temas da História de Portugal no pensamento, na literatura e nas artes, num quadro de relações interculturais e construções identitárias, concorrendo para uma ‘personalidade cultural portuguesa’ definida desde a Idade Média. Comprometer os estudantes no processo de investigação e na leitura de obras de referência que acompanhem os antecedentes e instauração do Liberalismo em Portugal, há 200 anos.
Conteúdos programáticos
Definições de cultura: enquadramento.
Períodos e movimentos culturais portugueses.
Portugal segundo os portugueses e na relação com o Outro (séculos XVI-XVIII): sociedade, política, religião e língua.
O património intangível, documental e monumental como inscrição renacionalizadora no século XIX.
No debate entre Progresso e Decadência, emergência de Camões e da solução provincial.
Revisões republicanas (1890-).
Sínteses antropológicas, psicanalíticas e culturais sobre a ‘personalidade cultural portuguesa’.
Plano
1. Entendimento de ‘cultura’ antes e depois de E. B. Tylor (1871). A ‘transmissão hereditária’ de T. S. Eliot (1948) contrariada pela ‘memória não hereditária’ de Lótman / Uspenskii (1971). Oito definições operativas em Gustavo Bueno (1997). [Aula 1]
2. «Existe uma cultura portuguesa?» (Silva; Jorge, 1993) As épocas da cultura portuguesa, segundo A. J. Saraiva (32007). O critério Dentro-Fora. [2]
3. Formas de ser e estar no Antigo Regime.
3. 1. Um olhar sobre nós e sobre o Outro, em termos morais, sociopolíticos, linguísticos, religiosos. Exemplos em Gil Vicente, Sá de Miranda, João de Barros, Fernando Oliveira, Pero de Magalhães de Gândavo, Fernão Mendes Pinto. [3-4]
3. 2. No espelho castelhano, sob a Monarquia Dual.
3. 2. 1. O fervor da Língua, peça de resistência política, em Seiscentos. Idiossincrasias nacionais, segundo Duarte Nunes de Leão (1606). [5]
3. 2. 2. Tomé Pinheiro da Veiga, Fastigínia (1605). Portugueses, castelhanos, ingleses e italianos em diálogo. [6]
3. 3. O Padre António Vieira entre brancos, índios, escravos negros. [7]
4. Apreciações de visitantes estrangeiros e olhares nacionais sobre os reinados de D. João V e D. José I. [8]
5. O país liberal: democracia, guerra civil, exílios. Almeida Garrett, síntese do Português novo, matriz do património cultural intangível. [9-10]
5. 1. Pensar Portugal na balança da Europa (1830) até à solidariedade da geração ultra-romântica com a Primavera das nações (1848-1849). [11]
5. 2. Um paradigma cultural: Camões, em Portugal e na Europa, desde o século XVI. [12]
5. 3. Outro paradigma cultural: a linhagem de Viagens na Minha Terra (1843-1993). [13]
6. Viajantes portugueses na sua e em terra alheia, confrontados com olhares estrangeiros, de Victor Hugo à Madame Rattazzi. [14-15]
7. O mito do Progresso e o contramito da Decadência.
7. 1. A. Herculano versus António Pedro Lopes de Mendonça (1853). [16]
7. 2. Na Geração de 70: Antero de Quental. Oliveira Martins e Eça de Queirós: “A catástrofe”. [17-18]
7. 3. ‘Portugal contemporâneo’ n’As Farpas de Ramalho Ortigão (1871-1883; 1887-1890) e na Crónica Ocidental (1878-1880) de Guilherme de Azevedo. [19-20]
7. 4. O Ultimatum (1890) e um país contrastante: humilhação e bancarrota (1892). A virulência da Imprensa: Alves Correia, João Chagas, Brito Camacho. Decadentismo e neogarrettianismo. [21]
8. Olhares sobre a condição nacional.
8. 1. A literatura e a caricatura ao serviço da República. O Viriato (1904) de Teófilo Braga. Aquilino Ribeiro. Um brasileiro entre Lisboa e Porto: João do Rio ([1909] 1911) [22]
8. 2. Na República: Fernando Pessoa. Teixeira de Pascoaes e A. Sérgio. [23]
9. Balanço de E. Lourenço (1978), ou os três traumas da História nacional: trauma das origens, em que um filho se rebela contra a mãe (24-VI-1128); (2) trauma de «um povo naturalmente destinado à subalternidade» (última edição: 72010: 27), emergindo de 60 anos de domínio castelhano (1580-1640); e «o traumatismo-resumo de um século de existência nacional traumatizada» (p. 30) sob figura de Ultimatum inglês (11-I-1890).
9. 1. A leitura de E. Lourenço por Maria de Lourdes Belchior (1978, 1982), acrescida de síntese de Jorge Dias (1950) e outras. [24]
9. 2. Balanço de A. J. Saraiva, entre a polémica com Fernando Castelo Branco, “Universalismo, Particularismo ou Cosmopolitismo” (Litoral, 1, Junho; 3, Agosto-Setembro de 1944), e O Que É Cultura (1993). [25]