PROGRAMA DE HEIDEGGER E O IDEALISMO

2º Semestre 2023: 1º ciclo

Tema: Finitude ou Infinitude do Ser? Poética e sistemática da razão

Introdução:

1.       A mónada de Leibniz: uma antecipação da interpretação idealista do ser como vontade.

2.       Kant e a génese do idealismo alemão: o problema da terceira Crítica (a mediação entre a razão teórica e a prática, a natureza e a liberdade); um novo conceito de natureza (organismo e finalidade); a faculdade de julgar reflexionante como procura do universal no particular; o livre uso da imaginação.

3.       Fichte e o primado da razão prática: o “acto-acção” (Tathandlung) originário do “eu sou” como auto-posição e constituição temporal da ipseidade. O dever-ser e a práxis moral como movimento de infinitização do “eu finito”.

4.       Schelling e a determinação essencial do ser como vontade: vontade de se pôr, de aparecer, de se fazer existir diferenciando para se voltar a unir, o que supõe deixar agir o fundo, suportar a oposição para a superar. Natureza e espírito, duas manifestações finitas e simétricas do absoluto; o homem, centro da criação, em que Deus se revela em próprio.

 Hegel e Heidegger: a fundação metafísica da presença e a fundação poética do “evento” (Ereignis)

5.       O absoluto como razão e o seu desenvolvimento sistemático como identidade da identidade e da diferença. A diferença ontológica e o abismo da razão: o fluxo temporal da produção imanente e a configuração do sentido da aparição. 

6.       Do ser indeterminado à sua mediação lógica e dialéctica numa fenomenologia construtiva. Aprofundamento da plenitude original do ser numa fenomenologia hermenêutica.

7.       A negatividade como negação da negação e a nadificação do ser. Contradição e conflito.

8.       O tempo como exteriorização do conceito na natureza e no espírito finito e a sua superação no devir intemporal do processo lógico. O tempo como essência finita e in-concebível do ser na sua futurição.

9.       Da verdade como estrutura abissal do ser à verdade como adequação da ideia a si no saber. O livre eventuar-se do ser na sua verdade e a sua articulação poético-pensante no “Dasein” humano, singularizado pela sua relação à morte e à linguagem.

10.   Dialéctica e tautologia: o princípio de identidade como desdobramento do “evento”(Ereignis). O ser só é ser existindo, diferenciando-se e actualizando a sua essência.

Avaliação: frequência assídua das aulas com participação no comentário dos textos da Antologia do curso; dois testes ou um teste e um trabalho, precedido de projecto.

Bibliografia

a)      Introdutória

- Ayrault, R., La Genèse du Romantisme allemand, 4 vols, Paris, 1861-76.

- Blanc, M. Faria, Estudos sobre o Ser II, Lisboa, ed. Gulbenkian, 2001.

- Gusdorf, G., Les Sciences Humaines et la Pensée occidentale, t. IX-XII, Paris, Payot, 1982-85.

- Hartmann, N., Die Philosophie des deutschen Idealismus, trad. port.: A Filosofia do Idealismo alemão, Lisboa, Gulbenkian, 1976.

- Heimsoeth, H., Die Metaphysik der Neuzeit, trad. cast.: La Metafísica Moderna, Madrid, Rev. do Ocidente, 1932.

- Hegel, G. W. F., Differenz des Fichteschen und Schellingschen Systems der Philosophie, trad. franc.: La Différence entre les Systèmes philosophiques de Fichte et de Schelling, Paris, Vrin, 1986.  (Ver ainda: Lições sobre História da Filosofia, T. 3)

- Barata-Moura, J., Estudos sobre a Ontologia de Hegel, Lisboa, ed. Avante, 2010.

- Schelling, F. W. J., Zur Geschichte der neueren Philosophie, trad. franc: Contribuition à l’Histoire de la Philosophie Moderne, Paris, P.U.F., 1983.

- Schulz, W., Der Gott der neuzeitlichen Metaphysik, trad. fr.: Le Dieu de la Métaphysique Moderne, Paris, C.N.R.S., 1978.

 

b) Antologia

- Hölderlin, Juízo e Ser; O Mais Antigo Programa de Sistema do Idealismo Alemão.

- Heidegger,”Principes de la Pensée”; “A Determinação do ser do ente segundo Leibniz”; “O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensar”; “Identidade e Diferença”; “Hegel e os Gregos”; Colloque sur la Dialectique; “O Conceito de Experiência em Hegel”; Hegel: La Négativité; Ser e Tempo, § 82; La “Phénoménologie de l’Esprit” de Hegel (excertos); La Métaphysique de l’Idéalisme allemand (Schelling) (excertos).