Origem e causas da expansão para Ocidente
24 Setembro 2018, 10:00 • Ana Margarida Costa Arruda dos Santos Gonçalves
Os fenómenos políticos e sociais que motivaram a expansão para Ocidente.
A grave crise demográfica vivida pelos reinos de Tiro e Sídon a partir dos finais do século XI, literariamente documentada e arqueologicamente provada, o encerramento por parte dos reinos sírios da rota que da Fenícia conduzia à Anatólia, e as dificuldades sentidas pelas populações tírias no abastecimento de cereais no continente asiático, devido à pressão exercida pelo império Assírio sobre esses territórios, são dados que puderam ser acrescentados à clássica procura dos metais ocidentais.
A importância dada aos recursos metalíferos do Ocidente nos estudos sobre a colonização fenícia da Península Ibérica deve ser entendida no quadro das perspectivas teóricas do século XX sobre o colonialismo antigo, em geral, e o fenício, em particular. O facto de se dar como certo que o processo de instalação de populações orientais na área meridional da Península Ibérica decorria, apenas e exclusivamente, numa óptica de abastecimento do centro (o Oriente) pela periferia (o Ocidente), em áreas onde o centro era deficitário, caso dos metais, dificultou a interpretação deste processo em todas as suas vertentes possíveis. Tudo indica que a maioria das análises do colonialismo oriental no Ocidente se baseou na perspectiva de que este integrava uma mesma entidade única, na qual desempenharia uma função específica dentro de um sistema geograficamente alargado. Os modelos da «diáspora comercial» e da «colonização agrícola» foram também explicitados.