Afinal o que estudamos na História de África? Os espaços dos mundos africanos enquanto cadeias de sociedades. Os mundos africanos construídos pelas relações entre sociedades

4 Novembro 2020, 11:00 José Augusto Nunes da Silva Horta

Afinal o que estudamos na História de África? Uma proposta de Jean-Loup Amselle para compreender o passado “pré-colonial” das sociedades africanas. Comentário à segunda parte do capítulo "Etnias e espaços: para uma antropologia topológica". 

1. Os espaços dos mundos africanos enquanto espaços socializados, construídos pelas relações entre sociedades. As cadeias de sociedades englobantes e englobadas e os espaços socializados dos mundos africanos:

- Os espaços de trocas — espaços hierarquizados de apropriação da produção, controle da circulação e de consumo (conclusão); lógicas comerciais africanas e signos monetários. 

- Espaços estatais, políticos e guerreiros — a natureza do poder político, poder sobre pessoas e não sobre terra sujeita a fronteiras; a dinâmica histórica de agregação, desagregação e nova agregação sucessivas entre estados, chefados e sociedades linhageiras (semelhante a fenómenos de diástole e sístole); relações tributárias, predatórias e deslocações de população. 

- Espaços linguísticos —tipos de línguas e tipologia de áreas linguísticas; relação dessas áreas com a composição e decomposição de espaços políticos, de trocas e 

- Espaços religiosos. 

- Mutações étnicas e os sistemas de classificação identitária "pré-coloniais" — escolhas identitárias e grupos categoriais relacionados com as cadeias de sociedades: a classificação identitária e a sua apropriação pelos actores sociais como o resultado de um jogo de forças; o valor performativo do "etnónimo" e a pluralidade dos seus significados; a identidade: um estado, consoante os contextos, e não uma essência cultural.