Época medieval na Europa
2 Fevereiro 2021, 14:00 • Shiv Kumar Singh
A aula começou com a revisão da aula anterior. Esta semana os estudantes viram uma breve introdução sobre a história medieval pelos vários continentes no sentido em que as histórias individuais destes tiveram ao longo do último milénio um impacto na Índia, principalmente quando consideramos as longas relações comerciais e culturais com várias nações pelo mundo. Esta semana foi dedicada, à contextualização europeia e arábica. O século VIII até ao século XVIII viu importantes mudanças, com novas formas sociais e políticas e os seus efeitos no estilo de vida e pensamento.
Iniciamos por abordar o ponto de referência para o início do período medieval na Europa, inicia com o declinio do império romano, durante o s.VI, e com a invasão dos Germânicos e eslávicos, muito pouco tempo depois do aparecimento do cristianismo e adoção do mesmo pelo império. Assim o império dividiu-se em dois, leste e oeste. O de Império Romano de Leste sobrevive, mas o de oeste fragmenta-se ainda mais, entre vários pequenos reinos.
Começamos por observar o impacto desta desfragmentação, que fez abanar todas as estruturas e sistemas da sociedade europeia, para além de ter sido devido à queda do grande império aglutinador de um território vastíssimo, o cruzamento com estes povos “bárbaros” invasores, permitiram o surgimento de uma nova identidade e realidade histórico-social. Iniciou-se um período de desurbanização, as cidades do império começavam a cair, e as que não caiam perdiam a sua relevância, porque os ataques dos invasores eram focados nas cidades, e por isso, todos começaram a refugiar-se no campo, dispersados, por estes dois fatores, o comércio no Mediterrâneo forte do Império Romano, agora via-se estagnado e em declínio. Por esta falta de comércio, a paisagem urbana vem a perder-se ainda mais. Por essa razão, perdeu-se o antigo comércio com o Médio-Oriente, África do Norte e com a Índia, o que significa que vai consequentemente afetar estas nações.
Graças a esta nova organização da população, agora mais dispersada, também era obvio que as estruturas e sistemas de controlo dos mesmos teriam de se alterar devidamente. Assim, quem tinha o controlo sobre as terras nestes reinos fragmentados do império do Oeste, já não era diretamente o rei, que governava agora de uma forma descentralizada, mas os seus nobres, que a partir de um acordo vassálico, governam as terras do rei no seu nome, como senhorias. Estes senhores governavam e controlavam dentro do seu contexto geográfico, e mandavam virtualmente em tudo, responsabilizados de praticamente tudo, e a única coisa que deveriam garantir ao rei, é o seu auxílio militar e ceder-lhe parte dos impostos. Com esta nova forma de governação a sociedade vê-se a evoluir também, agora maioritariamente agrícola, com relativamente pouco comércio exterior, surge um novo sistema e ordem social, conhecida como Feudal. Também conhecida como a “pirâmide social”, estratificava toda a população em classes (hereditárias e com pouca ou nenhuma mobilidade social), e obviamente, na base, encontramos duas classes importantíssimas para a história, o facto de se encontrarem na base a suportar o peso de todos os outros na sociedade fala por si. Falamos da classe de servidão (um estado de dependência de uma pessoa em relação à terra em que trabalha e ao seu senhor. Pode ser definida como a situação política das pessoas livres); e ainda abaixo dessa, a classe de escravos que veio a crescer nos séculos posteriores.
Tivemos a possibilidade de observar um documentário denominado “History of the Slave Trade : Documentary on the Tragic History of the Middle Passage”. Documentários, são um recurso de privilégio que é assegurada aos estudantes. Neste sentido, o documentário apresentou conhecimento que é fundamental e importante para a sociedade moderna, porque permite aos indivíduos crescer intelectual, mental e emocionalmente. O documentário foi usado como uma ferramenta para relacionar a contextualização mundial da história mundial de acordo com o objetivo mundial do programa, mas que foi além disso. É por vezes difícil imaginarmos as verdadeiras experiências destas pessoas, como escravos a serem vendidos, mães separadas das suas crianças, maridos das suas mulheres, simplesmente lendo de forma fria e sóbria em livros. Mas com o documentário, que abordou o período entre 1830 e 1860, a pior parte e o início da história da escravidão afro-americana, permitiu-nos a todos compreender de uma maneira mais humana e emocional os horrores deste período da história. Apresentou imagens, das histórias das pessoas, as suas experiências e emoções, dos locais, arqueologia, sociedade, cultura, educação e ciência, de uma forma mais pragmática e sensata, sem filtros, de escravos, obrigados a caminharem durante distâncias impensáveis até ao seu destino, a pé e com correntes, para serem levados para trabalhar até à exaustão como objetos.
Segundamente, falamos do Império Romano de Este, que ao contrário da sua contraparte, sobreviveu, renomeando-se de Império de Constantinopla (ou Bizantino) e vai incluir alguns territórios da Ásia, como a Turquia, África do Norte, Síria e Egito. Aqui mantém-se a estrutura existente na última fase do Império Romano, a ideia do poder de um vasto território centrado num só governante, e que mais tarde vai ser absorvido na Síria e no Egito. Este império manteve relações comerciais com a Índia e com o Médio Oriente, funcionando como uma ponte entre a civilização greco-romana e o mundo árabe.
É também de notar, que ambos os impérios oestes e este, conservaram o cristianismo de duas maneiras diferentes, catolicismo e ortodoxo. E o papel da igreja durante a era medieval foi importantíssimo, com a única via restante de transmissão de conhecimento. Aliás, dentro do que denominamos da Era das Trevas, a falta de intelectualismo e a estagnação artística (e a expansão agrícola) sentiram-se até XII e XIV, só aqui se recuperou esta prosperidade antes sentida. Aliás, é aqui que surgem as primeiras universidades europeias (ao mesmo tempo que a Índia, paralelicamente ao que aconteceu com a Europa anteriormente, entra em declinio intelectual, principalmente das universidades, também por causa de invasões).
Também abordamos no final, o mundo Árabe, que podemos referir como um mundo de intermediários. Antes do aparecimento do Islão, estava dividido em várias tribos, e o Islão surgiu como o seu unificador, começando um império prospero, começa a conquistar espaços pelo mapa (Síria, África do Norte, Egito, Península Ibérica). Surgiu uma nova dinastia, Abbasids. Era um império poderoso, que no seu auge incluía todos os grandes centros civilizacionais na área. Dando também segurança aos comerciantes para viajar, com eles o comércio cresceu, por isso os árabes iniciaram uma primeira cultura bancária, aproveitando o seu ponto estratégico comercial para exigir taxas neste comércio, com grande lucro. Conhecida como a “Golden Age of Arabian Science”, neste período não hesitavam em contratar não muçulmanos, em particular a Casa da sabedoria, servia para traduzir línguas entre civilizações (grega, bizantino, etc) e em que o grande conhecimento medicinal mais avançado neste período era escrito em árabe.