O conceito de "biopolítica" em Foucault.

22 Fevereiro 2021, 09:30 Nuno Gabriel de Castro Nabais dos Santos

Com a diferença entre o regime de "soberania" e o regime de "governamentalidade" proposta  na obra de 1976 História da Sexualidade. A Vontade de Saber, Foucault inaugura um novo campo teórico na compreensão das formas modernas de poder político. No regime de "governamentalidade" a legitimidade dos governos já não passa pelo direito a matar mas pelo dever de proteger e intensificar a vida dos súbditos. Trata-se de contestar uma concepção estritamente repressiva do poder, deixando perceber como actuando sobre os corpos na sua dimensão de população  - e não já como entidade singular na ambivalência entre impotência política e potência laboral que definia os dispositivos disciplinares na obra Vigiar e Punir - o verdadeiro ponto de aplicação das relações de sujeição é a vida. A vida, como saúde pública, como modos de organização das comunidades, como matéria primordial da actuação das estratégias de poder,  transforma-se naquilo que está em jogo em cada modelo económico, em cada formato jurídico. A política passa a ser uma "biopolítica". Essa tese é sobretudo desenvolvida nos Cursos do Collège de France de 1978/79, publicados sob o título O Nascimento da Biopolítica.