Programa


A complexidade das estruturas linguísticas tem vindo a constituir-se como um critério importante na observação do processamento das línguas naturais. A medida da complexidade, no que diz respeito ao processamento de palavras, tem feito apelo sobretudo a aspetos de natureza fonética / fonológica / prosódica, que, aparentemente são os mais facilmente quantificáveis, ou a índices de frequência calculados com precisão sobre corpora que mostram necessariamente um viés do que o léxico de uma língua possa ser. Este seminário será dedicado a questões relacionadas com a complexidade da estrutura morfológica.

A avaliação da complexidade morfológica das palavras é fácil de estabelecer se se compararem estruturas simples (com um radical monomorfémico) e palavras derivadas ou compostas com uma estrutura composicional (com um radical polimorfémico). No entanto, nem todas as palavras simples são igualmente simples e nem todas as palavras complexas têm o mesmo grau de complexidade.

Neste seminário, discutir-se-ão as questões que devem ser consideradas pela análise linguística para avaliação da complexidade das palavras e procurar-se-á validar essa avaliação a partir de dados do processamento lexical.


1.     Reflexão sobre o conceito de complexidade linguística

2.     Conhecimento lexical

3.     Complexidade morfológica

        a.     Complexidade das palavras simples e complexas

        b.     Descrição da complexidade das palavras

4.     Avaliação experimental da complexidade morfológica


Referências


Baerman, M.; Brown, D. & Corbett, G. (2015). Understanding and Measuring Morphological Complexity. Londres: Oxford University Press.

Caramazza, A. (1997). How Many Levels of Processing Are There in Lexical Access? In Cognitive Neuropsychology, 14.1 (177–208).

Changizi, M. A. (2001). Universal scaling laws for hierarchical complexity in languages, organisms, behaviors and other combinatorial systems. In Journal of Theoretical Biology (2001: 211-277). 

Corbett, G. (2009). WORDS: forms, uses and complexity.

Culicover, P.W., org. (2013). Grammar & Complexity – Language at Intersection of Competence and Performance. Nova Iorque: Oxford.

Dahl, Ö. (2004). The Growth and Maintenance of Linguistic Complexity. Amsterdão: John Benjamins.

Deutscher, G. (2009). Overall Complexity: a Wild Goose Chase. In: Sampson, G.; Gil, D.; Trudgill, P., orgs. Language Complexity as an Evolving Variable. Nova Iorque: Oxford.

GELL-MANN, Murray. “What is Complexity”. In Complexity, Vol. 1, Nº. 1, John Wiley and Sons, Inc: London. 1995

HAWKINS. John A. “Major contributions from formal linguistics to the complexity debate”. In: NEWMEYER, Frederick; PRESTON, Laurel (orgs.). Measuring Grammatical Complexity. London: Oxford. 2014.

Heinz, J. e W. Idsardi (2011). Sentence and word complexity. In Science Vol. 333 n. 6040 (295-297).

Ilie, L., S. Yu e K. Zhang (2002). Word complexity and repetition in words. In The 8th Annual International Computing and Combinatorics Conference (COCOON’02). 

JIMÉNEZ, Carmem Conti. “La Teoria de los Estadios de la Lengua y la Grafación de la Complejidad Linguistica”. In Revista Española de Lingüística, Nº 41, Fasc. 2, 2011.

JOSEPH, John & NEWMEYER, Frederick. “All Language are Equally Complex’ The Rise and Fall of a Consensus”. In: Historiographia Linguistica xxxix: 2/3. (pp.: 341–368). Washington: John Benjamins Publishing Company. 2012.

KILARSKI, Marcin. “Complexity in the history of language study”. In: Poznań Studies in Contemporary Linguistics 50: 2. (pp.: 157–168). Faculty of English, Adam Mickiewicz University, Poznań, Poland. 2014.

KUSTERS. Christiaan Wouter. Linguistic Complexity: The Influence of Social Change on Verbal Inflection. Tese (Doutorado). Universidade de Leiden: LOT. 2003.

Leal, Ednei de Souza (2020). Complexidade linguística: um panorama e um estudo de caso. Universidade Federal de São Carlos: Dissertação de Doutoramento.

Levelt, W.J.M.  (1999). Models of word production. In Trends in Cognitive Science. 3.6 (223-232).

MIESTAMO, Matti; SINNEMÄKI, Kaius; KARLSSON, Fred (orgs.). Language Complexity: Typology, contact, change. Amsterdan: John Benjamins. 2008.

MUFWENE, S.S. “The Emergence of Complexity in Language: An Evolutionary Perspective”. In: MASSIO-BONET À., BASTARDAS-BOADA A. (Orgs.) Complexity Perspectives on Language, Communication and Society. Understanding Complex Systems. Berlin, Heidelberg: Springer. 2013.

NEWMEYER, Frederick & PRESTON, Laurel (orgs.). Measuring Grammatical Complexity. London: Oxford. 2014.

NEWMEYER, Frederick. “Can One Language Be ‘More Complex’ Than Another?” Palestra proferida no evento Abralin ao vivo: Linguists online. 2020.

NICHOLS, Johanna. “Linguistic complexity: a comprehensive definition and survey”. In: SAMPSON, Geoffrey; GIL, David; TRUDGILL, Peter (orgs.). Language Complexity as an Involving Variable. New York: Oxford. 2009.

SAMPSON, Geoffrey; GIL, David; TRUDGILL, Peter (orgs.). Language Complexity as an Involving Variable. New York: Oxford. 2009.

Simon, H. A. (1962). The architecture of complexity. In Proceedings of the American Philosophical Society 16.6 (467-482).

Villalva, A. & J. P. Silvestre (2014). Introdução ao Estudo do Léxico. Descrição e Análise do Português. Petrópolis: Vozes.

Villalva, A. & C. Pinto (2018). Complexidade morfológica e custos de processamento lexical. In Alfa, Revista de Linguística 62.1 (151-172).

VULANOVIC, Relja. ‘On measuring language complexity as relative to the conveyed linguistic information”. In: SKY Journal of Linguistics. 2007.


Avaliação

Os alunos serão convidados a apresentar e conduzir uma sessão de discussão sobre um dos textos de referência (20%).

Em seguida, deverão preparar um corpus para análise da complexidade morfológica e construir um teste para avaliação dos efeitos dessa complexidade no processamento lexical (30%).

Por último, os estudantes deverão aplicar o teste e redigir um texto de apresentação do trabalho experimental e discussão dos resultados (50%).


Horário (2º semester)

2ª feira, 14h-17h