Continuação do estudo do "Livro do Desassossego", de Fernando Pessoa (B.Soares)

29 Outubro 2015, 16:00 Ricardo Gil Soeiro

Continuação do estudo de Livro do Desassosego, de Fernando Pessoa (B.Soares). Recapitulação das principais ideias presentes no documentário “Livro do Desassossego”, da série “Grandes Livros” da RTP: L. do D. enquanto um livro inacabado, escrito por um homem que não existiu (a questão da autoria); Fernando Pessoa enquanto marca múltipla (peso simbólico e cultural da figura, aliado; aproveitamento ideológico que concorre para uma construção identitária); polifonia poética de F. Pessoa: 70 figuras literárias; a problemática do alter ego, o duplo, o Outro de nós mesmos (testemunho de Carlos Amaral Dias, no âmbito da psicanálise); a explosão heteronímica/a criação da heteronímia plural: o dia triunfal da minha vida – a Carta a Adolfo Casais Monteiro; a identidade contingente: condição que caracteriza o sujeito moderno (testemunho de António Cícero); desmantelamento da transcendência (a escola da suspeita: Nietzsche, Freud, Darwin): à pergunta a) “Quem sou eu?” faz-se corresponder o eco de uma outra questão: “Como explicar a realidade?” (interrogações eminentemente modernistas); Bernardo Soares enquanto semi-heterónimo: caracterização temática (o cansaço e a sonolência/inutilidade das sensações/ambiência crepuscular – repetição da solidão do Eu) e a questão do sujeito (as noções de intervalo e da subjectividade cindida: “quase-eu”); o Livro: a noção de obra; livro impossível/livro que não existiu; a questão da autobiografia (“impressões sem nexo e sem factos”); hibridismo genológico; a experiência da leitura do L. do D. –  plenitude de leituras; o topos do labirinto e a imagem do puzzle; magma móvel, impreciso e instável de textos; “textos à solta”; a questão da edição (breve excurso sobre os diferentes tipos de edição – a edição “princeps”, a edição crítica, a edição “ne varietur”, etc.); caracterização da obra: anti-livro/livro-sonho que desafia os códigos literários; obra sem forma final, em permanente gestação; a questão da subjectividade: a cisão do eu (“não sei se existo”/”às vezes não me reconheço”); a questão individual (sujeito) colocada em pauta com um desencanto epocal (a ausência de Deus); a indagação individual em confronto com o contexto histórico-social; diversidade temática da obra; a importância do topos do sonho; quantos rostos, quantas máscaras tem Fernando Pessoa? Haverá uma representação fiel do poeta?