Fatalismo (1)

10 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

O fatalismo e o problema dos futuros contingentes. Caracterização do fatalismo: tese de que todos os factos são necessários; ou seja, tudo o que acontece era (desde sempre) inevitável. Um argumento clássico em defesa do fatalismo: o argumento da batalha naval (apresentado e criticado por Aristóteles, Da Interpretação, capítulo 9). O princípio do terceiro excluído e o princípio da bivalência implicam o fatalismo? Verdades e falsidades (i.e., proposições que são verdadeiras ou falsas agora) acerca do futuro. Lógica proposicional com operadores temporais (‘Irá ser o caso que...’, ‘Foi o caso que...’) e modais (‘É inevitável que...’). Dois princípios de inferência usados no argumento: (i) inferência de ‘Irá ser o caso que p’ para ‘É verdade (agora) que irá ser o caso que p’ (ou regra de introdução da verdade); e (ii) inferência de ‘É verdade (agora) que irá ser o caso que p’ para ‘Inevitavelmente irá ser o caso que p’. Três tipos de resposta ao argumento fatalista: (1) a resposta que rejeita o princípio do terceiro excluído; (2) a resposta que rejeita o princípio da bivalência (e a inferência (i)); (3) a resposta (ockhamista) que rejeita a inferência (ii) da verdade para a inevitabilidade.

(1) Resposta ao argumento da batalha naval que rejeita o princípio do terceiro excluído (Lukasiewicz). Razões para pensar que o terceiro excluído poderá ter excepções. O pressuposto presentista e a ideia de futuro objectivamente em aberto. Rejeitar uma proposição sem aceitar a sua negação. Discussão desta resposta. Problema principal: em geral, mesmo que ‘Fp’ e ‘ØFp’ sejam indeterminadas, não parece que ‘Fp ou ØFp’ seja indeterminada; no fim do dia de amanhã, ou terá havido batalha ou terá sido um dia pacífico – não há nenhuma terceira possibilidade.