Fatalismo (2)

11 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

(2) Resposta ao argumento da batalha naval que aceita o princípio do terceiro excluído, mas rejeita o princípio da bivalência (pseudo-aristotélica). Como é que podemos ter “p ou não p” verdadeira, quando “p” não é verdadeira nem falsa? Modelos de tempo ramificado (branching): um único passado, múltiplos futuros possíveis. Noção de verdade numa história. Absolutamente verdadeiro é apenas aquilo que é verdadeiro em todas as histórias. Problemas para esta resposta: (i) poderá a regra de introdução da verdade não ser válida? (ii) exemplos com apostas sobre o futuro mostram que há uma diferença importante entre verdade e inevitabilidade; (iii) existem exemplos abundantes de presumíveis conhecimentos empíricos sobre futuros contingentes (assumindo que o conhecimento não implica infalibilidade).

(3) Resposta ockhamista ao argumento da batalha naval. A ideia de Ockham para conciliar a presciência divina com a liberdade humana. Aplicação aos futuros contingentes: a verdade acerca do futuro não implica inevitabilidade. Proposições do tipo ‘Irei fazer X, mas posso não o fazer’ são consistentes. Modelos de tempo ramificado com uma história privilegiada (‘a história verdadeira ou actual’) (Ohrstrom). Principal objecção à resposta ockhamista: se há um único futuro real, em que sentido são os outros possíveis? Parece que, ao marcar um único futuro como real (ou verdadeiro), estamos a dizer que os outros não são possibilidades genuínas, objectivas – são apenas possibilidades epistémicas.