Identidade Pessoal (1)

3 Dezembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

O problema metafísico da identidade pessoal: o que faz as pessoas serem numericamente idênticas ao longo do tempo? A resposta dualista: a permanência de uma mesma mente imaterial (ou alma) é o que fundamenta a identidade pessoal. Crítica à resposta dualista: procurar explicar ‘a mesma pessoa’ com base em ‘a mesma alma’ é procurar explicar o obscuro pelo mais obscuro ainda. Que factos sobre uma pessoa a e sobre uma pessoa b (em tempos diferentes) poderiam mostrar que elas são ‘a mesma alma’? Alternativa: serão duas pessoas a mesma quando têm o mesmo corpo (ou corpos espácio-temporalmente contínuos)? O caso do príncipe e do sapateiro (Locke). O critério da continuidade psicológica. Maneiras artificiais de gerar a continuidade psicológica: transplante de cérebro (baseado na teoria da identidade mente-cérebro) ou teleportação (baseado no funcionalismo). O problema da duplicação (Wiggins). Qual das pessoas resultantes é a pessoa original? Exame das três opções disponíveis: (i) ambas, (ii) só uma ou (iii) nenhuma. A solução de Parfit: separação entre sobrevivência e identidade; valorização da sobrevivência (“a identidade pessoal não é o que mais importa”) e suas consequências éticas. O critério de identidade neo-lockeano: continuidade psicológica, causada de maneira apropriada, sem ramificações.