Mente e Corpo (1)

23 Novembro 2020, 08:00 Ricardo Santos

O problema mente-corpo. A natureza dos factos mentais e a sua relação com os factos físicos. O dualismo cartesiano: o corpo e a mente são duas substâncias distintas. Os seres humanos como entidades compostas. O argumento de Descartes a favor do dualismo. O acesso privilegiado de cada pessoa aos seus estados mentais. Poderá uma pessoa enganar-se a respeito dos seus próprios estados mentais? A dificuldade principal do dualismo: como explicar a interacção causal entre a mente e o corpo (em ambas as direcções)? A procura de uma teoria materialista, ou fisicista, da mente. O behaviourismo na psicologia (Watson, Skinner): padrões de estímulo e resposta. O behaviourismo na filosofia (Ryle): os factos mentais são factos sobre o comportamento humano. Introdução da noção de disposição: a fragilidade do vidro como tendência ou propensão para partir quando batido. De maneira análoga, os estados mentais seriam disposições para o comportamento; p.e., a raiva seria uma disposição para agir de maneira agressiva contra alguém. Concepção behaviourista das disposições: as disposições de um objecto não são estados do objecto, independentes da sua manifestação e que possam causar essa manifestação; dizer que o vidro se partiu porque era frágil equivale a dizer que o vidro se partiu porque é o tipo de coisa que normalmente se parte quando lhe batem – a fragilidade não é um estado do vidro que, juntamente com a batida, causou a sua quebra. A objecção central ao behaviourismo: os estados mentais são estados independentes capazes de causar o comportamento; as acções intencionais são causadas por certas razões que temos para agir. Para poderem causar as acções, as razões (desejos e crenças) devem ser estados independentes da acção e não podem ser imateriais. A teoria da identidade mente-cérebro (Armstrong): os estados mentais são estados físicos do sistema nervoso central (“a mente é o cérebro”). Cabe à neurociência descobrir, para cada estado ou processo mental, qual é o estado ou processo no cérebro em que ele consiste; assim como a química descobriu que a água é H2O, a neurociência pode descobrir que a dor é a estimulação das fibras-C. Vantagens da teoria da identidade.