As 'Metamorfoses' de Ovídio e seu impacto na literatura e nas artes na Idade Moderna.

10 Novembro 2015, 10:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

•Públio Ovídio Naso, conhecido como Ovídio, nasceu em Sulmona em 43 a.C. e morreu em Constança, na actual Roménia, a 17 ou 18 d.C. Grande poeta, foi autor de HEROIDES, AMORES, ARS AMATORIA, poesia erótica, o poema mitológico das METAMORFOSES, e FASTOS, dedicado ao calendário romano, além de duas coletâneas de poemas escritos no exílio. Ovídio foi também o autor de várias peças menores, REMEDIA AMORIS, MEDICAMINA FACIEI FEMINEAE, e Íbis, um longo poema sobre a maldição. Também é autor de uma tragédia perdida, MEDEIA. É considerado um mestre do dístico elegíaco e é tradicionalmente colocado ao lado de Virgílio e Horácio como um dos três poetas canónicos da poesia latina. Quintiliano considerava-o o último dos elegistas amorosos latinos canônicos. A sua poesia foi muito imitada durante a Antiguidade Clássica e a Idade Média. Influenciou Dante, Shakespeare, Milton…e continua a ser considerado uma das fontes mais importantes da Mitologia clássica. Seu estilo tem caráter jocoso e inteiramente pessoal — às vezes o eu írico de seus poemas são o próprio Ovídio. Escreveu sobre amor, sedução,  exílio, mitologia. Estudou Retórica com grandes mestres romanos, viajou a Atenas e à Ásia, exercendo cargos públicos com o objetivo de se tornar um Cícero, mas para desgosto do pai resolveu dedicar-se à poesia.O dístico elegíaco é a métrica mais comum nos seus poemas.

A temática ovidiana surge em força no século XVI em frescos, azulejos, iluminura, decorações murais, tapeçaria, etc. A importância das gravuras de Bernard Salomon e Virgil Solis (edições de Lyon) foi neste caso muito importante. Explicam-se e mostram-se vários exemplos de pintura e azulejaria portugueses.

Também no século XVII, durante a União Ibérica e após 1640, se incrementa em Portugal o gosto por estes temários, tanto na literatura como nas artes.  luz da tradição neo-platónica, a Mitologia clássica une-se à retórica cristã-tridentina e toma presença destacada nas festas públicas, no décor de salões e nas bibliotecas aristocráticas e monacais, caso de livros como estes: Metamorfoses de Ovídio, Emblematum, 1531, de Andrea Alciato, Imagini degli Dei degli Antichi, 1556, Vincenzo Cartari, Discorso intorno alle immagine sacre e profane, 1581, Gabriele Paleotti, Philosophia Secreta, 1585, Pérez de Moya, Hierogliphica, 1586, Pedro Valeriano, Tractatus de poesi e pictura ethica humana e fabulosa, 1593, A.Possevino, Iconologia, 1593, Cesare Ripa, Theatro de los Dioses de la Gentilidad, 1620-23, Fr. Baltasar de Vitoria, Coelum stellarum christianum, 1627, Julius Schiller, Mythologie, 1627, Jean Baudoin, ou ainda  L’art des emblèmes, 1684, Claude Menestrier.