PENSAR A MUNDIALIZAÇÃO

     A consumação planetária da globalização, iniciada pela expansão europeia sob a bandeira de um cosmopolitismo iluminista, não aportou, no seu teor técnico e económico, um mundo mais pacífico e solidário. Abriu novas possibilidades, mas também desordem e esvaziamento de sentido. Um mundo global, sem consenso ou ideário comum, é um mundo mais perigoso, que avança divergindo. Importa, por isso, não apenas regulamentar, mas fazer por unir, corrigindo trajectórias, promovendo igualdade no respeito pelas diferenças. Uma tarefa que não dispensa uma palavra da filosofia.

    Há, por isso, que saber o que é a mundialização, conhecer a sua história, a crise sistémica planetária a que nos conduziu, os seus antecedentes ideológicos e politicos, para depois poder reflectir em conjunto sobre as condições de possibililidade de sentido necessárias à edificação de um “mundo comum”.

Serão, assim, abordados os seguintes tópicos:

1.       O que é a mundialização? Caracterização. Do local ao global: muitos mundos num só mundo de livre circulação de informação, capitais, mercadorias e pessoas.

2.       Breve história da mundialização em três etapas: a expansão europeia, a revolução industrial com a implementação dos impérios coloniais, a globalização informática e económica dos anos 70 do século passado.

3.       Crise sistémica: um modelo hegemónico de racionalidade técnica e económica, sem consenso ou unanimidade, que acarreta desigualdades, conflitos, destruição de culturas.

4.       Antecedentes modernos: o fracasso de um modelo unidimensional de desenvolvimento, que racionaliza a vida, fragmenta o saber, fomenta a concorrência e o individualismo, destroi a coesão social, o equilíbrio ambiental e impede uma visão unificada do mundo.

5.       O regresso à filosofia da história: pensar o devir-mundo do ser, uma tarefa da filosofia. Problematizar o presente, fazer memória do passado, antecipar e preparar o futuro.

6.       “Necessidade de uma refundação filosófica do pensamento politico fundada numa antropologia complexa e não reducionista.” (Edgar Morin)

7.       “Sentido” para um mundo comum: necessidade de um novo “mito” susceptível de apoiar e promover uma nova consciência de solidariedade e partilha para uma humanidade, doravante unida pela partilha de um mundo comum.

OBRAS DE CONSULTA

- Baumen, Z., Modernidade Líquida

- Baumen, Z. e C. Burdoni, Estado de Crise.

- Ellul, J., Le Système Technicien

- Gidenns, A., Sociologia

-       “       ,  “, Consequências da Modernidade

- Heidegger, M., A Questão da Técnica; O Fim da Filosofia e a Questão do Pensar

- Horkeimer/Adorno, A Dialéctica do Iluminismo

- Jaspers, K., A Origem e o Sentido da História

- Marx, K., Manifesto Comunista; A Ideologia Alemã

- Maffesoli, M., Le Réenchantement du Monde; La Nostalgie du Sacré

- Nancy, J.-L, The Creation of the World or Globalization; A Finite Thinking; Le Sens du monde

- Papa Francisco, encíclicas “Laudato Si” e “Fratelli Tutti”

- Simmel, G., O Conflito da Cultura Moderna; A Tragédia da Cultura

- Simondon, G., Du Mode d’Existence des Objets Techniques

- Sloterdijk, P., Palácio de Cristal; Esferas I, II, III; A Domesticação do Ser

- Sousa Santos, B., O Futuro começa agora. Da pandemia à Utopia.

-               “ “    , (org.), Globalização. Fatalidade ou Utopia?

- Touraine, A., Crítica da Modernidade

- Zizek, S., Viver no Fim dos Tempos

AVALIAÇÃO

-Um teste obrigatório e dois relatórios de leitura ou um trabalho escrito (cerca de 15 pp.), precedido de projecto com indicação de tema, problemática, esquema de desenvolvimento e bibliografia.

- Acompanhamento em aula do comentário de texto da Antologia da disciplina.

Nota: o aluno deverá ter em conta autores e obras referidos na Antologia, além de sempre poder incluir outras, pertinentes para a sua investigação.