Tempo (4)

12 Março 2019, 18:00 Ricardo Santos

Discussão crítica e avaliação do argumento de McTaggart. Os dois pontos mais problemáticos do argumento: (i) não há mudança numa teoria-B do tempo; (ii) a série-A é contraditória. Aqueles que aceitam (i) tendem a favorecer uma teoria dinâmica, enquanto aqueles que aceitam (ii) tendem a favorecer uma teoria estática. O debate entre presentistas e eternistas exemplifica esta clivagem. A identificação de uma “falácia indexical” no argumento de McTaggart contra a coerência da série-A (J. Lowe): seria errado dizer, de um acontecimento presente, que foi futuro (ou “é futuro no passado”) e será passado (ou “é passado no futuro”). Todavia, a indexicalidade irredutível das expressões “passado”, “presente” e “futuro” parece favorecer antes uma teoria eternista. A possibilidade de viagens no tempo: um desafio para o eternismo. Distinção entre deslizamentos (time-slides) e saltos (time-jumps). Alguns exemplos geralmente aceites de deslizamentos para o futuro. As viagens no tempo envolvem uma divergência entre o “tempo pessoal” e o “tempo exterior”, mas não implicam que seja possível mudar o passado. Formas paradoxais de viagens no tempo para o passado: o caso do auto-infanticídio. Uma solução proposta para o paradoxo, com base na dependência contextual dos juízos de possibilidade (Lewis). Uma dificuldade para esta solução: a experiência mental de Horwich (‘instituto para o auto-infanticídio’) e o problema das ‘demasiadas coincidências’.