Normas genéricas para o desenvolvimento de um trabalho científico

3 Outubro 2017, 14:00 Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

Apresentação de algumas normas genéricas para orientação da elaboração de um trabalho científico.
Recomendações gerais relacionadas com a correcta citação de fontes bibliográficas:

3. Referências bibliográficas Norma Portuguesa de 1994 (NP 405-1).

 

1. Autoria

1. Quando a responsabilidade da obra citada for partilhada por um máximo de três autores, serão todos referenciados no corpo do texto.

2. Quando a responsabilidade da obra citada for partilhada por mais de três autores, indica-se no corpo do texto apenas o nome do primeiro, seguido da expressão & alii, enquanto na bibliografia final são indicados os nomes de todos os autores, independentemente do seu número.

3. Os títulos dos artigos e monografias devem ser separados dos subtítulos por dois pontos:

GONZÁLEZ FERNÁNDEZ, J., ed. (1994) - Roma y las provincias: realidad administrativa. Madrid: Ediciones Clásicas.

4. Os editores literários e compiladores podem ser tratados como autores desde que apareçam destacados na página de título. Neste caso, deverá acrescentar-se ao nome ed. ou eds. quando for mais de um editor/compilador:

CARRILERO MILLÁN, Manuel (1993) - Discusión sobre la formación social

tartésica. In ALVAR, Jaime; BLÁZQUEZ, José María, eds. - Los enigmas de Tarteso. Madrid: Cátedra, pp. 163-185.

GONZÁLEZ FERNÁNDEZ, Julio, ed. (1994) - Roma y las provincias: realidad administrativa. Madrid: Ediciones Clásicas.

 

2. Série ou colecção

A série ou colecção em que a obra está incluída é mencionada no fim da referência, antes das páginas citadas, como aparece no documento:

HEINZ, Christine; THIÉBAULT, Stéphanie; VERNET, Jean-Louis (1993) - Gestion et dégradation de la forêt préhistorique méditerranéenne. In Le Néolithique au Quotidien. Paris: Maison des Sciences de l’Homme (Documents d’Archéologie Française; 39), pp. 12-18.

4. Exemplos:

1. Monografias

ALARCÃO, Jorge de (1988) - O domínio romano em Portugal. Lisboa: Europa-América.

2. Contribuições em monografias

HEINZ, Christine; THIÉBAULT, Stéphanie; VERNET, Jean-Louis (1993) - Gestion et dégradation de la forêt préhistorique méditerranéenne. In Le Néolithique au Quotidien. Paris: Maison des Sciences de l’Homme (Documents d’Archéologie Française; 39), pp. 12-18.

3. Contribuições em monografias com indicação de editor

CARRILERO MILLÁN, M. (1993) - Discusión sobre la formación social tartésica. In ALVAR, J.; BLÁZQUEZ, J. M.ª, eds. - Los enigmas de Tarteso.Madrid: Cátedra, p. 163-185.

4. Artigos de publicações em série

DAVIS, Simon J. M.; MORENO GARCÍA, Marta (2007) - Of metapodials, measurements and music: eight years of miscellaneous zooarchaeological discoveries at the IPA, Lisbon. O Arqueólogo Português. Lisboa. Série IV, 25, pp. 9–165.

5. No caso de se tratar de uma revista com a indicação de volume e número, a referência será feita da seguinte maneira:

CARDOSO, Mário (1965) - A perda frequente de espécimes preciosos da nossa joalharia arcaica. Revista de Guimarães. Guimarães. 75:1-4, pp. 153- 168.

4. Citações

1. A citação permite identificar a publicação onde se obteve a ideia, o excerto, etc. Entre a citação e a referência bibliográfica do documento respectivo, deve existir uma correspondência exacta.

2. Devem ser colocados no texto, entre parênteses, o nome do autor, o ano da publicação e o(s) número(s) da(s) página(s) citada(s). Se o nome do autor vier integrado no texto, deverá colocar-se, entre parênteses, o ano e os números das páginas.

Exemplos: (Sayas Abengochea, 1989, p. 50); (Kalb & Höck, 1997, p. 420); Algumas ânforas publicadas por Guilherme Cardoso (1978, pp. 75-78)...

3. Se a bibliografia contiver vários documentos do mesmo autor e editados no mesmo ano, acrescenta-se ao ano de publicação na citação e na referência bibliográfica uma letra do alfabeto (1983a, 1983b,...).

4. Caso os livros citados não sejam primeiras edições, acrescentar-se-á à data, em expoente, o número da edição respectiva. Exemplo: (Alarcão, 19833, p. 13).

5. Será permitido no texto o uso de abreviaturas de obras de referência, devendo aquelas ser desdobradas na lista de referências bibliográficas. Exemplos:

AE L'Année Épigraphique. Paris

BMC British Museum Catalogue (seguida da especificação correspondente, e.g. BMC Italy, etc., identificando o respectivo volume do Catalogue of Greek Coins.

CIL Corpus Inscriptionum Latinarum.

CNH VILLARONGA, L. (1994) - Corpus nummum Hispaniae ante Augusti aetatem. Barcelona.

EE Ephemeris Epigraphica. Berlin.

FE Ficheiro Epigráfico. Coimbra.

HAE Hispania Antiqua Epigraphica. Madrid.

HEp Hispania Epigraphica. Madrid.

ICERV  VIVES, J. (19692) - Inscripciones cristianas de la España romana y visigoda.

Barcelona.

ILER   VIVES, J. (1971-1972) - Inscripciones latinas de la España romana. Barcelona.

IRCP ENCARNAÇÃO, J. d’ (1984) - Inscrições romanas do conuentus Pacensis. Coimbra.

ILS DESSAU, H. - Inscriptiones Latinae Selectae.

LRBC CARSON, R. A. G.; HILL, P. V.; KENT, J. P. C. (1962) - Late Roman Bronze Coinage. London.

MLH UNTERMANN, J. (1975- ) - Monumenta Linguarum Hispanicarum. Wiesbaden

PLRE JONES, A. H. M.; MARTINDALE, J. R. (1971- ) - The Prosopography of the Later Roman Empire. Cambridge.

RIC MATTINGLY, H. [et al.] (1923- ) - The Roman Imperial Coinage. London.

RIT ALFÖLDY, G. (1975) - Die römischen Inschriften von Tarraco. Berlin.

RPC BURNETT, A.; AMANDRY, M.; RIPOLLÈS, P. P. (1992- ) - Roman Provincial

Coinage. London-Paris.

RRC CRAWFORD, M. H. (1974) - Roman Republican Coinage. Cambridge.

RRCH CRAWFORD, M. H. (1969) - Roman Republican Coin Hoards. Cambridge.

SNG Sylloge Nummorum Graecorum (seguida da especificação correspondente, e.g.

SNG (Cop.).

6. Sempre que um documento não tenha sido consultado pelo autor e que a citação seja

feita por intermédio de outro autor, deve-se anteceder as citações por apud (em latim,

segundo ou conforme).

http://wwwa.uportu.pt/siaa/Regulamentos/Normas_Portuguesas1.pdf

http://wwwa.uportu.pt/siaa/Regulamentos/Normas_Portuguesas2.pdf


Advertência sobre práticas incorrectas e fraudulentas:

 PLÁGIO E OUTRAS PRÁTICAS INCORRECTAS

 

Transcrição do Artigo 8.º (Fraude na realização de elementos de avaliação)

1. A fraude na realização de elementos de avaliação não é tolerável em meio universitário, implicando a sua prática a anulação automática do elemento de avaliação em causa, sem prejuízo de eventual procedimento disciplinar a que haja lugar.

2. Para os efeitos do presente regulamento, constitui fraude todo o tipo de práticas realizadas pelo aluno que resultem no falseamento do processo de avaliação, designadamente:

a) O plágio, consubstanciado em cópia, não assinalada como tal e/ou com omissão da fonte, por qualquer meio, de conteúdos de autoria de outrem, independentemente do suporte original (ex.: outro elemento de avaliação, obra bibliográfica, comunicação ou artigo, em papel ou formato digital);

b) A apresentação de elementos de avaliação de autoria de outrem, realizados por encomenda;

c) A consulta não autorizada de materiais aquando da realização de elementos de avaliação presenciais;

d) Apresentação de trabalhos já avaliados em outras unidades curriculares.

3. A prática de fraude é considerada especialmente grave a partir do 2.º ano do ciclo de estudos de licenciatura, pelo que a sua ocorrência determina ainda a impossibilidade de conclusão da unidade curricular no ano lectivo a que a prática respeite.

4. A prática de fraude no âmbito do 2.º e 3.º ciclos de estudo determina abertura do competente processo disciplinar e, no caso de envolver a dissertação, a interdição de frequência da FLUL por um período até 5 anos.

 

Algumas notas importantes

 

1. A inclusão de uma obra na bibliografia, não dispensa a sua citação ao longo do texto, cada vez que se refere informação nela colhida.

2. A citação, para além de correcta, deve ser precisa, definindo com rigor os elementos citados: o número das páginas, dos quadros, das imagens, das notas, etc. Não deve limitar-se à indicação da obra em geral (por ex. Ribeiro, 2005) quando se visam elementos contidos apenas numa parte dela.

3. A prática do plágio não respeita só a livros, mas a toda a propriedade intelectual, qualquer que seja a sua natureza e forma de apresentação.

4. Naturalmente, toda a informação disponibilizada on line deve ser citada com o mesmo rigor, de acordo com regras específicas. A fraude que envolve este recurso encontra-se particularmente difundida, atingindo enormes proporções no meio académico. A experiência tem demonstrado que muitos dos utilizadores da web são pouco criteriosos na escolha das fontes a que recorrem. Os instrumentos geralmente mais fiáveis e rigorosos não são descobertos pela maioria, que se limita, com frequência, aos que aparecem em primeiro lugar nos motores de busca. Em boa parte dos casos os trabalhos baseados nestes recursos não passam de cópias mais ou menos escandalosas de informação elementar, duvidosa ou mesmo errónea.

Ao contrário, parecem ser pouco ou nada usados os grandes repositórios de obras científicas (B-on, Jstor, Muse e muitos outros fornecedores de periódicos e monografias em formato digital). No entanto, a Faculdade de Letras, através do site da Biblioteca, proporciona indicações de grande utilidade para a exploração de um número muito substancial de instrumentos desta natureza.

 

 

EXEMPLOS PRÁTICOS

 

PLÁGIO E OUTRAS PRÁTICAS INCORRECTAS SIMILARES

FORMAS CORRECTAS

Relacionar Endovellicus e Silvanus parece colher alguma viabilidade a partir dos dados iconográficos disponíveis. (PLÁGIO: cópia do texto, sem a devida citação)

Como sustenta José Cardim Ribeiro (2005, p. 732) “/.../ relacionar Endovellicus e Silvanus parece /.../ colher alguma viabilidade a partir dos dados iconográficos disponíveis” (toda a reprodução do texto alheio obriga ao uso de aspas)

Partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde a uma interpretatio de Fauno / Silvano. (PLÁGIO: uso de informação alheia, sem a devida citação)

Partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde a uma interpretatio de Fauno / Silvano (Ribeiro, 2005, p. 732-737; 749-750).

Segundo alguns autores, partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde a uma interpretatio de Fauno / Silvano. (Prática incorrecta, uma vez que omite a referência ao autor e à obra de onde se retira a informação que usa)

Segundo José Cardim Ribeiro (2005, p. 732-737; 749-750), partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde uma interpretatio de Fauno / Silvano.

Segundo José Cardim Ribeiro, partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde a uma interpretatio de Fauno / Silvano. (Prática incorrecta, uma vez que não cita a obra de onde se retira a informação)

 

Segundo José Cardim Ribeiro (2005, p. 732-737; 749-750), partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponde uma interpretatio de Fauno / Silvano. Considera-se igualmente que Endovélico é uma divindade essencialmente benfazeja, benemerente, salutífera e, na sua generalidade, protectora dos indivíduos. (Prática incorrecta: a origem da informação deve ser referida em todas as circunstâncias, mesmo que repita, em todo ou em parte, uma citação anterior, mais ou menos próxima).

Segundo José Cardim Ribeiro (2005, p. 732-737; 749-750), partindo da análise da documentação referente a Endovélico, em particular de alguns elementos iconográficos, pode sugerir-se que esta divindade corresponda uma interpretatio de Fauno / Silvano. Considera-se igualmente que Endovélico “é /.../ uma divindade essencialmente benfazeja, benemerente, salutífera” e, na sua generalidade, protectora dos indivíduos (Ribeiro, 2005, p. 749).

 

O TEXTO ORIGINAL QUE SERVE DE EXEMPLO, foi retirado de:

RIBEIRO, José Cardim (2005) - O deus sanctus Endovellicus durante a romanidade, uma interpretatio local de Faunus/Silvanus? In: Acta Palaeohispanica IX = Palaeohispanica. Zaragoza. 5, pp. 721-766

 

p. 732

A nossa proposta em relacionar Endovellicus e Silvanus parece, pois, colher alguma viabilidade a partir dos dados iconográficos disponíveis. Mas torna-se necessário legitimá-la —ou, pelo menos, reforçá-la — através de outros indícios, confrontando tudo aquilo que conhecemos do culto de Endovellicus com os vários elementos caracterizantes do culto de Silvanus, e aferindo a sua mútua compatibilidade (cfr. quadro colocado no final do texto). Ensaiemos pois este percurso, alicerçando-nos, quanto aos diversos aspectos do deus itálico, sobretudo na excelente monografia de Peter Dorcey (1992).

 

p. 749-750

Para os seus múltiplos devotos, Endovellicus é agora uma divindade essencialmente benfazeja, benemerente, salutífera — um protector das famílias, das crianças, enfim, de toda a heterogénea sociedade que vive nos territórios circundantes. O seu intrínseco carácter infernal, porém, mantem-se evidente nas práticas oraculares e no tipo de animais sacrificados. Mas a sua personalidade tornara-se já culturalmente mais próxima através de um certo sincretismo com Faunus e Silvanus — e com base neste último se idealiza a sua imagem. Com o devir dos tempos este numen ancestral vem, enfim, a surgir-nos renovado e mesmo sublimado através de uma verdadeira dimensão heroizante e salvífica: sobre os monumentos que lhe são dedicados aparecem agora gravadas palmas, coroas de louros e génios alados portadores de tochas fosforescentes.