Do Sigilo na Época dos Descobrimentos (aula ministrada pelo Professor Antonio Lázaro)
7 Maio 2021, 09:30 • Ângela Vieira Domingues
Jaime Cortesão em
Crónicas desaparecidas, mutiladas e falseadas. Alguns feitos que se calaram (1924) definia a teoria de "
segredo de Estado" nos Descobrimentos. Esta teoria foi criticada por Duarte Leite, Luís Albuquerque e Francisco C. Domingues. Francisco C. Domingues assume que a tese da "política de sigilo" enquanto fenómeno consistente não existe e que as políticas de segredo eram práticas recorrentes usadas pelos Estados Europeus. Assim, a tese de Jaime Cortesão apresenta-se esgotada no sentido de não existirem testemunhos que confiram o seu princípio razoável, tendo sido os documentos explorados à exaustão. A "política de sigilo" de Cortesão remete para a problemática da criptografia. Os conceitos de criptografia, criptanálise e cifra.. Criptografia como escrita secreta ou inteligível; criptoanálise como conjunto de técnicas que permitem descodificar a mensagem; cifra como conjunto de caracteres e sinais usados na mensagem. A criptografia existe desde da Antiguidade, em textos na Mesopotâmia e clássicos indianos. No Ocidente, a criptografia ganhou relevância com o Imperador Júlio César, cujo sistema foi usado até ao fim do Império Romano. No século XV, a criptografia desenvolveu um percurso imparável, como a criação de um novo modelo que vai até ao século XX. A criptografia e a sua utilização em três contextos: na guerra, na paz e no amor. A criptoanálise desenvolveu-se desde do século IX e caracteriza-se por decifrar a mensagem através da identificação da língua em está escrita e das letras do alfabeto usadas com mais frequência. Exemplos de criptografia, de cifra, e de como realizar uma criptoanálise: a carta de D. Diogo Lobo para D. Manuel I (1498) e a carta de D. Miguel da Silva para D. João III (1523). Os temas referem-se ao reino, aos conflitos na corte e não aos descobrimentos, mas são esclarecedores das práticas e formas de organização do Estado. A importância da criptografia no campo das armas e a existência de chaves diferentes para não facilitar a violação da correspondência. A problemática da criptoanálise e os graus de dificuldade que apresenta. (sumário de Melissa de Sousa)
Obras: Dicionário de História de Portugal; Corpo Diplomático Portuguez
Arquivos ou coleções/núcleos: Chancelaria Secreta, Corpo Cronológico; Coleção São Lourenço; Archivo General de Simancas; Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Fontes: cifra de Júlio César, Léon Battista Alberti e disco de Alberti; Cicco Simonetta, João Pedro Ribeiro, João do Cró, Livro do Armeiro-Mor (1509) Livro em que se escrevem as obediências do nosso padre geral (1571), Francisco Tranchedinus (1450); Cifra general de los reyes católicos (finais séc xv-xvi); Duarte da Paz (1532); Alexandre de Gusmão; António Carneiro, Pero de Alcáçova Carneiro, Livro dos Conselhos de El-Rei D. Duarte ou Livro da Cartuxa (1420-30)