Futuros contingentes (4)
17 Fevereiro 2020, 11:00 • Ricardo Santos
A posição tradicionalmente atribuída a Aristóteles – rejeitar a bivalência, mantendo o terceiro excluído – é viável? A proposta de Craig Bourne: mudar a tabela da negação (fazendo a negação do indeterminado ser verdadeira, i.e. interpretando “não” como “não é verdade que”) e definir a condicional como “não-(A e não-B)”. Intuitivamente, parece razoável pensar que, se “Será o caso que p” é indeterminada, a sua negação “Não será o caso que p” é também indeterminada. Em resposta, Bourne alega que, em geral, as negações de futuros contingentes são ambíguas (quanto aos âmbitos relativos da negação e do operador de futuro), possuindo uma leitura verdadeira e uma leitura indeterminada. A resposta é implausível, pois a ambiguidade é sintáctica, mas não semântica. Razões para pensar que, se os futuros contingentes são indeterminados, então as conectivas não são verofuncionais.
A relativização da verdade ao tempo, e o enriquecimento da linguagem formal com operadores temporais. A semântica bivalente simples com modelos de tempo linear.
Introdução ao supervalorativismo. Modelos de tempo ramificado: um presente, um passado, múltiplos futuros possíveis. A noção de história. Proposições verdadeiras (ou falsas) num momento relativamente a uma história. A super-verdade definida como verdade relativamente a todas as histórias. As valorações são interpretações clássicas, bivalentes, mas as supervalorações são trivalentes, admitem ‘gaps’.
Avaliação do argumento da batalha naval à luz da semântica supervalorativista. A questão de saber se “Será o caso que p” implica “É verdade que será o caso que p”.