Representações da paixão amorosa
6 Outubro 2020, 10:00 • Helena Carvalhão Buescu
Emoções e paixões: alguns conceitos.
Duas matrizes da literatura amorosa europeia: Ovídio,
as Metamorfoses e Petrarca,
Rimas. Análise de textos. O amor como ponto de ruptura existencial, metaforicamente assinalado pela metamorfose ovidiana. Petrarca e a pessoalização do sentimento amoroso: o dia em que vê Laura, a internalização sentimental, a representação do Poeta, o amor não-correspondido. Amor e Morte.
Apontamentos iniciais sobre a tradição do soneto: o seu nascimento na Sicília, as matrizes da oitava e da sextilha como formas fechadas e fixas associadas a uma especial capacidade de enorme variação. Alguns exemplos de sonetos "outros" (soneto duplo, soneto em espelho).
Confronto com vários poemas de Guido Guinizelli, para compreensão da viragem efectuada por Petrarca: em Guinizelli, ainda a herança do amor cortês, da representação feudal do sentimento amoroso, a espiritualização do sentimento e a dimensão escolástica e religiosa a que o amor é submetido.
Louise Labé, o soneto renascentista e a tradição italiana (e francesa) do soneto: duas quadras e dois tercetos. Consequências para a arquitectura estrutural e semântico do soneto. A dimensão erótica como elemento central do texto, a sua autoria feminina e a interrogação de alguns estereótipos e silenciamentos.
Keats e a tradição do soneto shakespeariano: o dístico final como forma de encontrar o epicentro semântico do texto. A representação da paixão amorosa como inelutavelmente ligada à capacidade de escrita. Amor e poesia: aquilo que define o Poeta e o seu estro.