Sumários

Realização do segundo teste de avaliação de conhecimentos com consulta.

20 Dezembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

 

DEZEMBRO                                                3ª FEIRA                                          26ª Aula

 

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Realização do segundo teste de avaliação de conhecimentos com consulta.

 

 

 

 

Aulas previstas em Dezembro – 6

Aulas dadas em Dezembro – 6

Saídas culturais - 0

Saídas cá dentro - 1

 


A vertigem permanente

18 Dezembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

DEZEMBRO                                                3ª FEIRA                                          25ª Aula

 

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Reservámos para a aula de hoje uma revisitação da obra coreográfica de Josef Nadj Woyzeck ou o esboço da vertigem (1994) com o intuito de nos demorarmos sobre o absurdo visível da proposta estética em inspiração livre e a partir do fragmento dramático de Georg Büchner que Josef Nadj concebeu. Demorámo-nos na observação de personagens fundidas (Capitão e Doutor), verificámos que o tambor-mor se multiplica no desejo do corpo de Maria em outros que não conseguem esconder uma líbido mal resolvida, descobrimos que há personagens que quase surgem do nada e que dão corpo a uma espécie de sacrificialidade de um Cristo que talvez não o seja mas que pode representar essa dimensão de sujeição e humilhação que está colada a Woyzeck.

Idêntica leitura mas numa linha histórica associada ao absurdo que foi o nacional-socialismo e posteriormente fazendo convergir no mesmo sentido a Guerra dos Balcãs (recordo a este nível o filme de Emir Kusturica - Underground (1995), Nadj compõe uma coreografia esculpida na História da Europa, tal como Büchner sagazmente no seu tempo o fez.

A estética desta obra deriva de uma quase fusão dos bailarinos com o cenário, moldando-se ambos no encafuamento que o espaço proporciona. Abrem-se e fecham-se portas, alcançam-se alçapões à vista do espectador, operam-se transformações em objectos multifuncionais, passeia-se e usa-se uma faca à luz de malabarismos sucessivos. O contraste entre o branco e a soprada forma do figurino que representa o poder científico e militar rapidamente perde o seu alcance deixando de sinalizar apenas essa simbolização. A voracidade da estranheza que nos engole replica-se nas cores sombrias dos trajes dos outros bailarinos. Se ao princípio é relativamente compreensível o universo de classe e pertença de cada um na coreografia de Nadj, muito rapidamente nos apercebemos de que a vertigem progride e engole todos sem excepção tornando o jogo cénico dependente de apenas mais uma e última cartada para a morte. O comportamento animalesco, próximo da coprofagia revela o abandono a que aqueles seres são votados e de onde jamais sairão. O que poderia ser entendido como excepção torna-se regra, tão natural esta que só uma coreografia do absurdo como a de Nadj poderia fecundar. O quadro estético resolve aquilo que a ausência de ética não foi capaz e continua a não ser capaz de promover entre os homens: liberdade, igualdade e fraternidade.

Em cena, no final dos anos 90 do séc. XX, Nadj torna os corpos em matéria plástica e mete neles as suas mãos de artista escrevendo um pequeno manual sobre a condição humana. A sua estética do feio tem a subtileza da poesia na música composta por Aladar Racz, nos pequenos brilhos de um espelho que reflecte muitos rostos, na moldagem de um pequeno ser que nasce à nossa vista fazendo-se e desfazendo-se no aconchego de um abraço com o qual Maria percorre todo o corpo de Woyzeck.

Josef Nadj tal como Dimitris Papaioannou dança sempre com os seus bailarinos. Ambos concebem e experimentam o fora do lugar e o dentro do lugar. As nossas perguntas, as nossas dúvidas, os nossos nexos podem agora ter lugar.

 

Visionamento em aula

Woyzeck ou l’ébauche du vertige de Josef Nadj (1998)


Vestir e despir a pele de cada um

13 Dezembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

DEZEMBRO                                                5ª FEIRA                                          24ª Aula

 

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Ângela Orbay – têxteis coreológicos – materialidade do movimento Intercepções com a coreografia de Josef Nadj para Woyzeck de Georg Büchner.

 

Nome da unidade curricular: Teoria e Estética das Artes do Espectáculo e Teoria e Estética do Teatro

Ciclo de estudos/ Duração: Licenciatura em Artes do Espectáculo / 2 horas

Docente Responsável Anabela Mendes / Ângela Orbay

Têxteis nas artes performativas

Parte 2

13-12-2018

Introdução

Josef Nadj - O Território plástico

-Figurino - impacto metafórico

-Woyzeck o (des) Figurino plasticidade e “articularidade”;

- Deformação anatómica,volume e dimensão;

- “Articularidade” do corpo, postura e mecânica (acção - reacção com o que se veste).

- O comportamento que se assume, se adopta e se representa.

Reflexão e debate

Há tecidos a ocultar e a selar elementos, dentro de nichos, cobrindo personagens ou sobre os objectos. Estão estáticos à espera que a acção progrida, no destapar de uma cabeça ou ao ligá-la com gaze, no revelar de um corpo ou de uma escultura de barro.

O têxtil como a porta, o busto.


De vertigem em vertigem

11 Dezembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

DEZEMBRO                                                3ª FEIRA                                          23ª Aula

 

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Concluímos o visionamento de Woyzeck (1836) de Georg Büchner na versão de Janos Szasz (1993), logo nascendo as questões que invocavam a possibilidade de traçar cruzamento entre os vários objectos estéticos inspirados no fragmento dramático büchneriano.

Janos Szasz opta pelo preto e branco no seu filme e escolhe como cenário da acção uma estação de caminhos-de-ferro quase desactivada, ao lado de uma mina de carvão. O escuro e inquietante aspecto do lugar contrasta com a neve branca, com a fumarada das locomotivas, com as neblinas e os nevoeiros que nesse mesmo espaço criam espessura e contraste na criação estética de um ambiente inóspito, como se ali a vida estivesse também ela desactivada, conspurcada paradoxalmente pela falta de horizonte das pessoas. Esse horizonte de espaço aberto, como muitas vezes acontece na peça de Büchner, tem em Szasz uma componente de época, o período pós-industrial, que caracteriza ainda, em 1993, uma Hungria rural à procura de destino.

Essa amplitude do espaço adquire pontualmente voz. nas invectivações do Capitão a Woyzeck, feitas ao microfone e ampliadas por altifalantes que propagam no ar as ondas sonoras que ecoam entre grasnados de corvos. Terrífico é este ambiente que invoca a História da Europa sob o domínio do Nacional-Socialismo, e que tem na Hungria dessa época um dos mais musculados aliados. O gueto de Budapeste, que surge em Março de 1944, não sendo porém tão devastador em números como o gueto de Varsóvia, não deixa por isso de enviar milhares de judeus húngaros para campos de concentração como o de Auschwitz. Esta memória implacável e vergonhosa da História da Hungria é tratada por Janos Szasz como um acto cirúrgico no seu filme. Em plano e contra plano vemos alternadamente o rosto do Capitão em espaço fechado e o corpo de Woyzeck em espaço aberto. À voz do Capitão responde o corpo de Woyzeck com um gesto maquinal de continência. Este corpo-máquina repetirá vezes sem conta esta saudação, um tique que nele se entranhou, e que Büchner explora através de verbalização, deslocado de contexto. Ali, quase diria, habitam mortos-vivos. Os corpos e os andrajos arrastam-se em ritmo lento. As danças e os cantares populares, que em Büchner faziam falar a autenticidade do povo, ensombram e sublinham o lugar de nenhures. É nesse espaço de ruína física e mental, que a todos abrange, onde as casas são barracões de morada para o desencanto, o cio, a desordem, que se produz todo um desalinhamento humano que contrasta metaforicamente com a imagem dos carris das vias férreas. Chega-se e parte-se, carrega-se matéria-prima. Dobram-se os corpos, estendem-se mãos por migalhas, está sempre pronto para acontecer um crime. Assassinar é uma libertação.

O guião do filme percorre de forma quase errática o manuscrito de Büchner como se pretendesse aglutinar na história do protagonista desgraças e dificuldades da espécie humana num acto de absurda sobrevivência. A loucura de Woyzeck espelha-se na loucura das outras personagens, no sem-sentido de uma sobrevivência anómala.

Ao cenário natural acima descrito apõem–se reflexos de um antiquíssimo viver comum em canções e danças que eram expressão de alegria.

 

Filme visionado:

Woyzeck do realizador húngaro Janos Szasz (1993).

 

Aconselhou-se o visionamento em casa da coreografia Woyzeck ou l’ébauche du vertige de Josef Nadj (1998) como entrada para o trabalho da nossa convidada Ângela Orbay que dedicará a sua aula a Têxteis e Performance na exemplificação da obra do coreógrafo sérvio.

 

https://www.numeridanse.tv/en/dance-videotheque/woyzeck-ou-lebauche-du-vertige


Woyzeck contrastado

6 Dezembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

 

DEZEMBRO                                                5ª FEIRA                                          22ª Aula

 

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Conclusão do visionamento da encenação de Thomas Ostermeier da peça Woyzeck de Georg Büchner.

 

Início do visionamento da versão cinematográfica de Woyzeck do realizador húngaro Janos Szasz (1993).