Graça, carisma génio e corpo. Uma perspectiva intermedial. 

Graça (em grego charis) é um conceito que, na continuidade de uma longa linha de descrições, ocupa um lugar relevante no debate setecentista europeu sobre estética. Se, na sua poética descrição do Torso de Belvedere, o arqueólogo Winckelmann a eleva a epítome da estética classicista, Friedrich Schiller desenvolve toda uma teoria da graça que irá constituir um dos alicerces do seu célebre programa de Educação Estética. O ideal de “beleza em movimento”, como Schiller a define, encontra a sua paisagem privilegiada no corpo humano. Já o conceito de génio, que se aproxima da descrição de graça por via da sua proverbial relação com uma dimensão sobre-humana, mereceu inúmeros estudos e representações literárias e artísticas nos séculos XVIII e XIX.

Neste seminário, observaremos como as ideias de graça (ou graciosidade) e de génio se manifestam na literatura e nas outras artes deste período e como a sua íntima relação com o corpo – evidenciada em descrições do sonâmbulo, do bailarino, do esgrimista, do louco, da marioneta – dará lugar a novas representações do artista, como, por exemplo, a do equilibrista na corda bamba projectado por Nietzsche no seu Zarathustra

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