Apresentação.

26 Fevereiro 2018, 18:00 Rodrigo Furtado


 

1. Programa

 

Este seminário é simultaneamente sobre cultura e sobre comunicação. Partindo de um núcleo de textos ‘clássicos’, o seminário articula-se em torno de dois módulos distintos, mas que se espera complementares: o primeiro será sobre retórica. Partindo das definições clássicas de retórica e das suas reconfigurações mais contemporâneas, procurar-se-á debater e analisar a relação entre retórica e política e definir os principais elementos que devem constituir a análise retórica de qualquer discurso, nomeadamente ao nível do emissor, do(s) receptor(es), do contexto e da estrutura tópica e argumentativa. Numa segunda parte, partindo da referência concreta a textos do teatro clássico e do debate acerca do seu significado e potencialidades políticas discutir-se-á também de que modo o teatro funciona ainda na actualidade como discurso político, quer no que respeita aos tópicos que convoca, às possibilidades de recuperação, transgressão e recusa que encerra, quer ainda na multiplicidade performativa que continua a suscitar. Discutir-se-ão ao longo dos seminários autores como Anouilh, Arendt, Aristóteles, Beard, Bitzer, Butler, Eurípides, Fischer-Lichte, Foley, Hall, Hardwick, Macintosh, McGee, McKerrow, Muller, Sartre, Sófocles, Varz, Wander e Zaleska.

 

Estrutura

 

1.              O Teatro da Política: Retórica, Comunicação, Cultura e Política.

 

1.1 Definição

1.1.1      Retórica Aristotélica: Aristóteles, Retórica 1.2-3.

1.1.2      Nova Retórica: McNally, ‘Toward a Definition of Rhetoric’.

1.1.3      Retórica e política: Zaleska, Rhetoric and politics.

1.1.4      Retórica política: Condor et alii., ‘Political Rhetoric’.

 

1.2 Contexto

 

1.2.1      Situação retórica I: Bitzer, ‘The Rhetorical Situation‘.

1.2.2      Situação retórica II: Vatz, ‘The Myth of the Rhetorical Situation’.

1.2.3      Audiência: McGee, ‘In Search of ‘the People’: A Rhetorical Alternative’.

1.2.4      Eu tu, eles: Wander, ‘The Third Persona: An Ideological Turn in Rhetorical Theory’.

 

1.3 Audiência

1.3.1      Público e privado: H. Arendt, ‘The public and the private realm’.

1.3.2      Públicos e contrapúblicos: Warner, ‘Publics and Counterpublics’.

1.3.3      Linguagem e retórica: McKerrow, 'Critical Rhetoric: Theory and Praxis’.

1.3.4      Movimento social: Cox- Foust, ‘Social Movement Rhetoric’.

 

1.4 Ethos

1.4.1      Definição: J. Baulin, ‘Ethos’, Encyclopedia of Rhetoric.*

1.4.2      Conselhos práticos: Heinrichs, Thank you for arguing.

1.4.3      Argumentos éticos: Corder, ‘Varieties of ethical arguments’.

1.4.4      Ethos e masculinidade: Courtney, ‘Real men do housework’.

 

1.5 Argumentação

1.5.1      Retórica e belicismo: Stahl, ‘A Clockwork War’

1.5.2      Retórica e feminismo: Butler, Gender trouble.

1.5.3      Retória queer: Chavez: ‘Beyond complicity’.

1.5.4      Novas direcções: Hess, ‘Critical-Rhetorical Ethnography’.

 

2.            A Política do teatro: estudos de performance, cultura, comunicação e política

 

2.1 Nas origens

2.1.1      Teatro Grego e Política

2.1.2      Política, Performance e Ideologia

2.1.3      A Persistência do Modelo Grego

 

Leituras:  Sófocles, Antígona

                    Eurípides, Troianas

                    Eurípides, Medeia

Fischer-Lichte, E. (2010). “Performance as event–Reception as transformation.” Theorising Performance: Greek Drama, Cultural History and Critical Practice, 29-42.

Rabinowitz, N.S. (2017) “Trojan Women” A Companion to Euripides, 199-213.

Swift (2017) “Medeia” A Companion to Euripides, 80-91.

 

2.2 Política e Performance

2.2.1      Usar o passado para falar do Presente

2.2.2      Os Clássicos e a Construção de Identidade Nacional: Os Jogos Olímpicos de 1936

2.2.3      Clássicos e Resistência

 

Leituras: Anouilh, Antígona

                   Sartre, As Moscas

Fischer-Lichte, E. (2008). “Resurrecting Ancient Greece in Nazi Germany–the Oresteia as Part of the Olympic Games in 1936.” Performance, Iconography, Reception: Studies in Honour of Oliver Taplin, 481-498.

Mackenzie, M. (2003). “From Athens to Berlin: The 1936 Olympics and Leni Riefenstahl’s Olympia.”  Critical Inquiry, 29(2), 302-336. 

Tiefenbrun, S. W. (1999). “On Civil Disobedience, Jurisprudence, Feminism and the Law in the Antigones of Sophocles and Anouilh.” Law & Literature11(1), 35-51.

 

2.3 Performance e Discurso de Género

2.3.1      As Mulheres na Tragédia Grega

2.3.2      J. Butler e o Género como Performance

 

Beard, M. (2017). Women and Power: a Manifesto: Profile Books.

Butler, J. (2002). Antigone's claim: Kinship between life and death. Columbia University Press.

Case, S. E. (1985). “Classic drag: The Greek creation of female parts” Theatre Journal37(3), 317-327.

Foley, H. (2001). “Tragic Wives: Medea’s Divided Self.” Female Acts in Greek Tragedy, 243-272.

Foley, H. (2004). “Bad women: Gender politics in late twentieth-century performance and revision of Greek tragedy.” Dionysus since69, 77-111.

Hall, E. (2015) “The Migrant Muse: Greek Drama as Feminist Window on American Identity 1900-1925.” The Oxford Handbook of Greek Drama in the Americas

Macintosh, F. (2005). “Medea between the Wars: The Politics of Race and Empire ” Rebel Women: Staging Ancient Greek Drama Today. London: Methuen, 65-77.

Mueller, M. (2017) “Gender.” A Companion to Euripides, 500-514.

Wilmer, S. (2005). “Irish Medeas: revenge or redemption (an Irish solution to an international problem)” Rebel Women: Staging Ancient Greek Drama Today. London: Methuen, 136-148.

Wilmer, S. (2007). “Women in Greek tragedy today: A reappraisal.” Theatre Research International, 32(2), 106-118

 

2.4 Classicismo, performance e Pós-Colonialismo

2.4.1      Reescritas e Releituras dos Clássicos

Hall, E. (2004). “Introduction: why Greek tragedy in the late twentieth century?” Dionysus since 69: Greek tragedy at the dawn of the third millennium, 1-46.

Hall, E. (2004b). “Aeschylus, race, class, and war in the 1990s.” Dionysus since 69: Greek tragedy at the dawn of the third millennium, 18-22.

Hardwick, L. (2004). “Greek drama and anti-colonialism: De-colonising Classics.” Dionysus since 69: Greek tragedy at the dawn of the third millennium, 219-241.

Simpson, M., & Goff, B. (2015). “New Worlds, Old Dreams? Postcolonial Theory and Reception of Greek Drama.” The Oxford Handbook of Greek Drama in the Americas

 

 

 

2. Avaliação

- Um artigo até 5000 palavras sobre um tema que se enquadre em um dos dois módulos do seminário, com o acompanhamento do docente do respectivo módulo (50%);

- Duas Recensões Críticas (uma por módulo) de 1500-2000 palavras cada, com apresentação oral e distribuição de handout em aula (25%+25%)