A simplicidade do complexo na pintura de Wassily Kandinsky

27 Setembro 2018, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

SETEMBRO                         5ª FEIRA                               4ª Aula

 

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1. Obra plástica, poética e cénica de Wassily Kandinsky

Democraticamente decidimos começar por visionar o vídeo Artists of the 20th Century – Wassily Kandinsky, abrindo espaço para comentário a motivos recorrentes na obra plástica do pintor russo: cavaleiro azul e a sua simbologia, cavaleiro e a sua dama em montada, perspectiva de barcos, o poder das cores, a construção de movimento e ritmo, entre outros.

A propósito do motivo do cavaleiro azul, associado ao Cavaleiro Azul, título de um Almanaque editado por Kandinsky e Franz Marc, em 1912, e que fora antes uma exposição de vários tipos de materiais como expressão artística (pintura, aguarela, desenho, gravura, estatuária, fotografia, partitura, etc.) em Munique, em 1911, tomámos consciência por visionamento próprio, de que este almanaque era uma obra palimpséstica, com muitas camadas e diversas direcções sobrepostas, mas de que poderíamos escolher sempre, num gesto de pormenor, artigo, ensaio, poema ou imagem a dar atenção particular. Verificámos neste contexto a extensão e a profundidade de interesses dos editores que numa só obra criavam trânsito entre a cultura e a arte ocidentais, sobretudo desde a Idade Média até à Modernidade, e a cultura e a arte orientais também através dos tempos.

O princípio compósito de organização do Almanaque O Cavaleiro Azul adquire um particular significado se pensarmos na textura composicional com que Kandinsky construía os seus quadros, com destaque para aqueles a que chamou de Composições, ou que não os tendo assim chamado era como se o tivesse feito.

Em contrapartida, o nome deste almanaque parece ter surgido do quase nada. Kandinsky propôs que se chamasse Cadeia e nessa sua posição procurava encontrar um modo de relacionamento entre os diferentes objectos e textos como processo articulatório. Desconhece-se como passou a ser O Cavaleiro Azul. Na óptica de Kandinsky foi um processo simples de entender: ambos os pintores gostavam da cor azul, Marc gostava de cavalos, e Kandinsky gostava de cavaleiros.

Talvez o que se tenha sobreposto como ideia a esta lógica quase inesperada foi o facto de ter sido possível cativar para a publicação um número razoável de artistas, académicos, músicos, de vários países, que aceitaram colaborar numa obra que tinha como principal objectivo dar destaque ao estudo da cultura russa primitiva.

Fomos criando outros desvios à medida que o nosso vídeo ia avançando. Não o chegámos a concluir e, por isso, alcançaremos o seu fim na próxima aula.

Também recuperaremos as imagens que as alunas e os alunos escolheram de obra de Kandinsky e que ainda não foram comentadas. As primeiras pergunta que desejamos fazer são: Porquê esta imagem? O que tem ela de tão especial para ter sido escolhida entre tantas outras? Terá essa escolha contribuído para alguma mudança no/na observador/a?

 

Leituras recomendadas:

KANDINSKY, Wassily 1991, Do Espiritual na Arte, Prefácio e nota bibliográfica de António Rodrigues, Tradução de Maria Helena de Freitas, Lisboa: Publicações Dom Quixote.

KANDINSKY, Wassily 1998, Sobre a Questão da Forma, Da Compreensão da Arte, A Pintura como Arte Pura, Conferência de Colónia in: Gramática da Criação, Lisboa: Edições 70. Apenas o primeiro ensaio é fundamental. Os restantes serão escolha de leitura dos alunos.

 

DVD visionado:

Wassily Kandinsky, Artists of the 20th Century, Kultur International Films, USA, 50’, s. d.