Laboratório dramaturgico

29 Setembro 2016, 18:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

Laboratório dramatúrgico em torno da peça Gaspar de Peter Handke.

Respeitando a apresentação gráfica da obra em análise – divisão formal do discurso dos intervenientes em conflito e respectivas didascálias - foram criadas duas equipas de investigação entre os alunos presentes em aula. Essas equipas foram divididas em pequenos grupos cuja tarefa consistia em analisar ao pormenor os diversos sentidos e modos propostos pelo autor, quer para o protagonista, quer para os pontos-instrutores.

A função deste exercício, a continuar em aulas subsequentes, tem por objectivo alcançar um conhecimento justificado sobre a transformação operada pelos pontos-instrutores na personagem Gaspar no que à linguagem diz respeito.

A entrada em cena de alguém que consigo transporta uma frase que vai sendo abandonada por fragmentação e destituição de um sentido lógico próprio, sintacticamente correcta e com correspondência emocional, transporta em si um duplo enigma: Quem é Gaspar? Como é possível destituir alguém de uma memória de experiência pessoal, qualquer que ela seja, e que a linguagem reproduz, para em seu lugar introduzir um outro tipo de linguagem que se objectiva na manipulação, no exercício de poder gratuito, na criação de um ser automatizado?

 

Leituras recomendadas:

HANDKE, Peter 1974, Gaspar | Grito de Socorro, Tradução de Anabela Mendes, Colecção Teatro Vivo, Lisboa: Plátano Editora.

FEUERBACH, Anselm 1833, Caspar Hauser – An Account of an individual kept in a dungeon, separated from all communication with the world, from early childhood to about the age of seventeen

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