Ética, Estética, História da Arte.

20 Abril 2021, 15:30 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Ética, património e mercados da arte. Conceitos e práticas de connoisseur, humanista de antiguidade, antiquário, curador, perito em arte, e gestor de artes.

O contributo maior da História da Arte, como disciplina científica, para a gestão do mercado das artes, decorre da sua percepção alargada de abordagem do facto artístico, definindo-lhe a natureza e disponibilizando aos agentes envolvidos nesse de artworld alargado, de que fala Arthur C. Danto – os curadores, galeristas, antiquários, leiloeiros, compradores, restauradores, conservadores, críticos, fotógrafos, editores, gestores de património e público em geral -- uma visão alargada e uma prática interdisciplinar, ancorada em três princípios fundamentais:

     -- a consciência de que a relação com as obras de arte assume uma doutrina e uma base teórica o mais possível alargada;

     -- a consequência da necessidade de uma metodologia e uma prática de contornos pluri-disciplinares na identificação, estudo e abordagem o mais possível integral das obras;

     -- o reconhecimento de que gestão, exposição, compra, venda, restauro, projecção, mercantilização de arte, impõem sempre uma postura de ética e uma base de princípios em nome da salvaguarda do património comum. 

Não há dúvida de que uma intenção moral presidiu à gestão de grande parte da arte antiga. Esquecemo-nos de falar da arte como um campo em que as valias éticas não têm lugar, em relação a qual seria inconveniente falar em moral, porque belo e bem são valores distintos, independentes, e importa conservar-lhes essa independência… Uma visão do ‘status quaestionis’ supõe que se tome consciência da historicidade dessa posição: por um lado, não esquecer a autonomia e autotelia da arte ensinada no século XIX e, por outro, lembrar o modo como concebiam os artistas, antes da invenção moderna das belas-artes. Nessa longa história pré-moderna, existem sempre intenções éticas da teoria humanista da arte. Esta ética de base identifica-se com a Alegoria da Gramática, fonte de conhecimento e de sensibilização, que rega a árvore das Artes Liberais e contribui para o ensino académico e para um mercado artístico partilhado… (exs.). A aura do falso: da reconstrução estilística de Viollet-le-Duc ao hiper-restauro de Joseph Van der Veken. Original e fake no mercado de arte contemporâneo: exemplos de estudo.