Teste de Teoria da Arte (1ª chamada)

15 Maio 2017, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE TEORIA DA HISTÓRIA DA ARTE – Licenciatura em História da Arte

(1ª chamada) – 15 de Maio de 2017 – (2ª chamada, 19 de Maio)

                                                                                                                     I

Leia atentamente as sete seguintes questões e responda de modo suficiente, com estilo claro e bem organizado, com recurso a exemplos se e quando necessário, a apenas TRÊS delas:

 

  1. Defina as condições e limites inerentes ao conceito de artworld tal como foi definido pelo filósofo e crítico de arte Arthur C. Danto, à luz da sua perspectiva de trans-contextualidade. 

     

  2. A possibilidade de as obras de arte intervirem como factores de reconciliação, ou mesmo como «remédio para os males que afligem a humanidade», foi expressa pelo humanista Benito Arias Montano (1527-1598) e constitui tópico da sua doutrina estética. Comente este postulado (comum, aliás, a outros autores) à luz da sua possível utilidade na produção e crítica das artes contemporâneas.

     

  3. Quais os limites que foram, de modo geral, apontados à prática da Iconologia como processo de análise das obras de arte ? Em que medida esses ‘limites’ são exactos, ou podem ser superados ? (existirá mesmo uma Nova Iconologia ?)

     

  4. Porque ordem de razões, segundo o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a História da Arte e a Crítica da Arte são faces da mesma moeda ? Face ao alargamento do campo de estudos (artes pós-coloniais, arte outsider, produções periféricas, feminismo, novos suportes artísticos, etc), como se atesta hoje a validade dessa aparente dicotomia ?

     

  5. Explique, recorrendo a um exemplo adequado, em que medida o conceito de Cripto-História da Arte veio alargar as possibilidades de intervenção analítica e crítica da História da Arte ?

     

  6. O contributo do marxismo no campo da Teoria da Arte encontra no conceito de ideologia imagética formulado por Nicos Hadjinicolaoui (1973) um papel significativo. Defina o conceito e o papel dessa corrente no quadro da História Crítica da Arte.

     

  7. Que «razões» profundas explicam o iconoclasma como prática comum ao longo da História e em que medida tal comportamento destrutivo pode ser visto como terreno fértil para a História da Arte ?

 

 

                                                                                                                          II 

Leia atentamente os dois seguintes textos e escolha apenas UM deles para um comentário claro, bem estruturado, suficientemente desenvolvido e com reflexão original.

 

  1. Ao caracterizar as indústrias culturais, assente numa perspectiva dialéctica sobre as lógicas de consumo da sociedade capitalista, Theodor Adorno (1903-1969) situa as obras de arte no quadro da categoria estética do inefável, ou inexprimível: «Uma visão globalizante e ontológica sobre o mundo da arte define as linhas-mestras da produção à luz do que ela traz de perene e de sublime: a impressão renovada, o debate aberto, as questões agitadas, a marca das formas tácteis, o movimento contínuo algures entre o efémero e o inesgotável»... Comente este texto da Teoria da Estética de Adorno, sem esquecer o conceito de aura de Walter Benjamin. E pergunta-se: não será o conceito de sublime, definido por esse filósofo da Escola de Frankfurt, uma justificação para a História-Crítica da Arte dos dias de hoje ?

     

  2. Como afirmou o historiador de arte e iconólogo alemão Aby Warburg (1866-1929), «a História da Arte é a investigação orientada e inter-disciplinar que visa o entendimento globalizante (estético, histórico, ideológico, contextual, trans-contextual) das obras de arte à luz da compreensão dos seus ’pontos de vista’ intrínsecos, isto é, das condições culturais, políticas, socio-económicas, ideológicas, perdurações, continuidades – ou seja, o entendimento iconológico das obras». Comente o texto, integrando-o na perspectiva que pode existir, hoje, da prática de uma História da Arte em novos moldes operativos, sem esquecer que a História da Arte será, de certa maneira também, uma arqueologia de memórias, e em ao conceito de nachleben, formulado por Warburg.